Na zona rural da cidade de São João da Ponte, os moradores da Comunidade de Agreste se prepararam para mais um dia de aula. Diferente do ensino regular das escolas, estes alunos estão em uma rotina de aprendizagem para aprimorar o trabalho no campo. Por meio do Sistema Faemg, em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de São João da Ponte, estes cerca de 800 pequenos produtores rurais estão se capacitando em busca de novas opções de fonte de renda.
“A comunidade deveria viver do que produz. Então, estamos buscando meios para que a maioria não precise sair em busca de trabalho, que é a realidade atual. Buscar os cursos foi uma maneira de criar essas oportunidades. Estamos estruturando ao máximo para descobrir a aptidão de cada família da comunidade e assim todos se desenvolverem”, explica Valdirene Rodrigues Bastos Souza, representante da associação comunitária.
A capacitação mais recente ofertada aos moradores foi de Avicultura Básica, na qual 13 pessoas foram treinadas pelo instrutor Rony Ursine Belacruz para fazer da criação caseira de galinhas e frangos caipiras uma oportunidade de negócio. “O objetivo é chegar à merenda escolar, entregar nas escolas da comunidade e da cidade. A prefeitura já abre este cadastro, mas precisa ter os produtos. Então só falta a gente se capacitar cada vez mais para conseguir atender as demandas, aumentando a quantidade e qualidade do que é produzido. Durante o curso já vimos essa mudança de mentalidade e muitas pessoas viram que dá certo, que é possível girar essa renda local”, comenta Valdirene Rodrigues.
Ivanilda Silva Cardoso foi uma das alunas capacitadas. Ela, que sempre viveu na Comunidade de Agreste, tem média de 45 aves no quintal da propriedade, fazendo venda para abate. Após o curso, ela já pensa em se estruturar ainda mais para aumentar a produtividade.
“As aves são hoje complemento, mas espero que, em breve, se transformem em uma maior fonte de renda para minha família. Já tenho planos de aumentar a produção e aproveitar essa oportunidade da venda para a merenda escolar. As capacitações são muito importantes, porque tem coisas que a gente nem imagina, ajuda em tudo. Aqui aprendemos como alimentar melhor as aves, fazer economia em gastos da rotina dos cuidados, como realizar tratamentos corretos, entre outros”, diz a produtora rural.
Outros cursos
Neste ano, a comunidade também já recebeu o curso de Olericultura. Muitos pequenos produtores já estão iniciando a fase de colheita para vender para merenda escolar, como no caso de alface e cheiro verde. A capacitação ensinou aos participantes sobre fisiologia vegetal, escolha do local de plantio, amostragem e preparo do solo, instalação do viveiro, preparo dos insumos orgânicos, cuidados com o meio ambiente, entre outros.
Maria Aparecida Silva fez os dois cursos. Ela comenta que hoje a renda da família está praticamente atrelada aos trabalhos realizados em fazendas vizinhas. Tanto ela quanto o marido sonham em conseguir melhorar a fonte de renda atuando com o que criam na pequena propriedade do casal.
“Ter essa renda extra é importante. Gostei de tudo no curso. Mesmo criando aves a vida toda, só agora vi corretamente como estruturar um local para o trato das aves, como realizar a limpeza e desinfecção do local, a importância da vacinação, a instalação adequada de comedouros, etc. Agora o desejo de ter um pequeno negócio é maior para poder ter mais alternativas, como o plantio de uma horta”, destaca Maria Aparecida.
A expectativa da associação comunitária é levar ainda neste ano mais capacitações para os moradores, para que novas oportunidades possam surgir. “Estamos em busca do curso de salgados e doces, para atender a feira livre que ocorre todo mês aqui na cidade. Pensando nos jovens que não conseguiram seguir os estudos ou ainda não conseguiram emprego, trazer também o curso de selaria e manutenção de motocicletas. Muitos deles estão ociosos, e precisamos mudar essa realidade”, finaliza Valdirene Rodrigues.