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Da herança à liderança: a história de Dulcinéia Prado

MEU CAFÉ NO SISTEMA FAEMG SENAR
ESCRITO POR LÍLIAN MOURA, DE VIÇOSA
01/10/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, INAES, FAEMG

Filha e neta de cafeicultores, Dulcinéia Carvalho de Abreu Prado, de Luisburgo, na região das Matas de Minas, mantém o legado da família no café. Ela, que aos 20 anos assumiu a gestão da propriedade como herança do pai, hoje compartilha com o marido o processo produtivo dos cafés e com as filhas o valor do trabalho no campo. “Somos uma família do café”, afirma.

No início da trajetória à frente da propriedade, contou com o apoio e incentivo da mãe, Therezinha Carvalho de Abreu, e seguiu o modelo convencional de negócio, produzindo e vendendo café como commodity. A transformação começou quando se casou com o engenheiro agrônomo, Daniel Prado, e começou a receber apoio técnico para melhorar a produção.

As mudanças foram ainda maiores quando eles conheceram o universo dos cafés especiais. A curiosidade a levou a cursos do Senar Minas, oferecidos pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Manhuaçu.  “Foi ali que percebi a diferença da bebida, da seleção dos grãos e do processo de torra. Entendi que o café poderia ter outro valor”, relembra.

Em 2017, após participar dos cursos, Dulcinéia descobriu o potencial dos cafés que produzia e passou a investir em qualidade. No pós-colheita, ela assume papel central, cuidando da seleção e definição dos processos que elevam a qualidade da bebida. Ela reconhece os desafios da produção, mas acredita que vale a pena. “É difícil, mas é uma alternativa para ter mais valor agregado, especialmente para nós, pequenos produtores. Isso faz muita diferença”.

Com a qualidade superior de 70% dos lotes, a produtora alcançou novos mercados e, em busca de novas possibilidades de comercialização, também criou a marca Dulce Marias, batizada em homenagem a ela e às duas filhas, Maria Alice e Mariana.

Hoje, sua produção e qualidade dos lotes é reconhecida com o selo Certifica Minas e tem certificação de origem da região das Matas de Minas. O produto chega a cafeterias em Belo Horizonte e Florianópolis, além dos consumidores que compram pelas redes sociais.

Conhecimento

Contadora de formação e cafeicultura por excelência, Dulcinéia aprimorou-se na atividade com os cursos do Sistema Faemg Senar e com a pós-graduação em cafeicultura sustentável, conhecimento que ela aplica na propriedade e faz questão de recomendar a outras pessoas. “O Senar faz parte da nossa vida em todo o processo. É gratuito, de muita qualidade e acessível”.

A conexão da família com o Sistema também acontece por meio de Daniel, que atualmente é supervisor do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café+Forte e instrutor de cursos da cadeia cafeeira.  

Liderança

Mais que produtora, Dulcinéia se consolidou como liderança feminina na cafeicultura. Atualmente é presidente da Associação de Mulheres das Matas de Minas e Caparaó (AMUC), que reúne cerca de 80 famílias, e vice-presidente da Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA Brasil), movimento presente em 36 países.

Para ela, a atuação coletiva fortalece o setor e abre espaço para o desenvolvimento feminino. “O trabalho da mulher sempre esteve na cafeicultura, mas era invisível. Hoje mostramos que podemos ser protagonistas da lavoura à xícara”, afirma.

Meu Café no Sistema Faemg

Em outubro, o café Dulce Marias será servido na sede e escritórios regionais do Sistema Faemg Senar. A bebida com aroma de chocolate, caramelo, mel e laranja recebeu 84,5 pontos.

O reconhecimento e a oportunidade oferecidos pelo Sistema Faemg Senar são celebrados por Dulcinéia com orgulho. “É gratificante ver nosso trabalho valorizado em uma vitrine tão importante. E mais do que o meu café, todos conhecerão a minha história”.