Transformar o relacionamento do ser humano com os animais é também uma forma de melhorar os processos da propriedade, garantir saúde patrimonial ao produtor e harmonia no ambiente rural. Por isso, no curso ´Doma Racional de Novilhas para Ordenha´, “o objetivo é, além de alterar o perfil dos animais reativos deixando-os mais dóceis para ordenha, transformar o perfil dos trabalhadores”, explicou a instrutora Pércia Rocha.
A turma de Salto da Divisa, composta por 11 alunos, foi considera pela instrutora como “especial”, pois todos os participantes tinham “um manejo mais tradicional e eram costumados com a lida mais bruta”.
Para Cleomar Gonçalves Mangueira, “tudo mudou”, até mesmo o entendimento sobre as características biológicas das novilhas. Durante a abordagem sobre a visão panorâmica e o ponto cego dos bovinos, o ordenhador descobriu que o “gado enxerga diferente” e agora sabe evitar reações bruscas como coices, por exemplo. “Esses detalhes me deram mais segurança na hora do manejo. Antes, eu usava ferrão, vara, era mais chucro... agora, já toco a novilha com a mão, pois sei que não preciso ser agressivo”, contou.
O lote de animais escolhidos para o treinamento também era de temperamento mais forte, mas no final do curso já demonstrou alterações, confirmando aos participantes a eficácia das técnicas aprendidas.
O estudante de zootecnia Hyago Fernando disse que passou por uma mudança de “modelo mental” após o curso. “Estreitamos os laços de comunicação do homem com o animal, utilizamos a técnica de pressão e alívio; usamos a corda para diminuir a distância de fuga e aumentar a aproximação do animal com o ordenhador, que pode até escová-lo, demonstrando uma doma gentil”.
De acordo com o futuro zootecnista, as novas técnicas apresentam vantagens como mais qualidade do leite produzido, segurança do ordenhador no manejo, falta da necessidade do bezerro ao lado da novilha, diminuição no tempo de ordenha e redução de riscos para o animal.
Este foi o primeiro curso de Doma Racional de Novilha para Ordenha que aconteceu na região. O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Jacinto, Antônio Jerferson Soares Gonçalves, avaliou a oportunidade como um momento de “grande importância para a atividade da pecuária de leite, pois além de facilitar o manejo, qualifica a mão de obra que trabalha nas propriedades”.
