Nos últimos dias, a imprensa tem noticiado a alta dos preços da cenoura. Em várias reportagens, ela é citada como a “vilã da inflação”. O gerente de agronegócios do Sistema FAEMG/SENAR/INAES/Sindicatos, Caio Coimbra lembra que manchetes como estas, que não esclarecem os leitores sobre os fatores que estão impactando nesta alta de mercado, só contribuem para aumentar o abismo de informação do público urbano sobre o setor de produção de alimentos.
“Temos aqui uma reportagem que registra que a cenoura subiu 83,42% no acumulado dos últimos 12 meses. Mas ela não traz, por exemplo, que o seu custo de produção subiu cerca de 50% no mesmo período”, explica Caio Coimbra. Ele lembra que os insumos utilizados na produção da cultura, como os fertilizantes potássicos, aumentaram em mais de 200%.
“A imprensa precisa registrar que, há anos, o preço da cenoura estava estagnado em patamares muito baixos para o produtor rural. Com isso, tivemos redução de área plantada não só em Minas Gerais, mas também em estados como a Bahia e Goiás, grandes produtores da cultura, o que já reduziu a produção”. Ele lembra ainda que o excesso de chuvas no verão dificultou a produção das lavouras, reduzindo ainda mais a oferta. A qualidade da produção também foi afetada, devido à grande quantidade de descarte e quebra. “É preciso que haja informação de qualidade disponível para o consumidor. Os vilões não são a cenoura, ou o produtor rural. Há um contexto econômico que precisa ser compreendido”, alerta.