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A tecnologia blockchain no agronegócio

ARTIGO INAES
ESCRITO POR AMANDA PESSOA*
06/08/2021 . INAES

blockchain é uma espécie de livro-razão compartilhado e imutável, que facilita o processo de registro de transações e o rastreamento de ativos em uma rede empresarial. Um ativo pode ser tangível: uma casa, um carro, dinheiro ou terras. Ou pode ser intangível: propriedade intelectual, patentes, direitos autorais e criação de marcas. Praticamente qualquer item de valor pode ser rastreado e negociado em uma rede de blockchain, o que reduz os riscos e os custos para todos os envolvidos.

De forma resumida, podemos dizer que seria uma rede que funciona com blocos encadeados muito seguros, que sempre carregam um conteúdo junto a uma impressão digital. A sacada aqui é que o bloco posterior vai conter a impressão digital do anterior mais seu próprio conteúdo e, com essas duas informações, gera sua própria impressão digital. E assim por diante. Todos os dados são distribuídos em blocos, dificultando modificações, alterações isoladas ou fraudes, uma vez que tudo que é registrado no banco não fica alocado em um único lugar. Para que uma transação seja válida, todos os computadores ligados a essa rede precisam reconhecê-la. A essência disruptiva da blockchain está no fato de que, sempre que ocorre uma transação, existe um intermediário que a valida. Em pagamentos, isto é, por exemplo, um banco.

blockchain surge para substituir o intermediário por uma rede de computadores, acelerando o tempo de liquidação das transações, reduzindo custos e, assim, otimizando o processo. Os principais benefícios da blockchain são: agilidade, custo, transparência e rastreamento. Existem dois tipos de custos que a blockchain é capaz de reduzir no mercado: custo de verificação e o custo de rede.

O conceito da primeira blockchain pública nasceu em 2008, no artigo acadêmico Bitcoin: um sistema financeiro eletrônico peer-to-peer, publicado por uma pessoa ou grupo sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, suposto criador do bitcoin. Em uma blockchain, cada transação de bitcoin é digitalmente reconhecida para garantir sua autenticidade e que ninguém adultere a negociação, de modo que o próprio registro e as transações existentes dentro dele sejam consideradas de alta integridade. Diferentemente das moedas convencionais, o bitcoin não possui um Banco Central controlando a sua valorização e desvalorização, que seguem os rumos do mercado – na lei da oferta e da procura – e as ondas de investimentos e notícias sobre o seu valor especulativo. Mas vale ressaltar que, apesar de terem sido pensadas em conjunto e serem popularmente relacionados, a blockchain não está condicionado à existência do bitcoin e vai muito além dele. E, apesar da blockchain estar vinculado a uma criptomoeda, são coisas diferentes. Se a blockchain é o sistema operacional, por exemplo, a criptomoeda é o aplicativo.

Na atualidade, as empresas dependem de informações. Quanto mais precisas e rápidas para receber elas forem, melhor. A blockchain é ideal essas entregas, pois ela fornece informações imediatas, compartilhadas e completamente transparentes armazenadas em um livro-razão imutável que pode ser acessado apenas por membros da rede autorizada. Uma rede blockchain pode acompanhar pedidos, pagamentos, contas, produção e muito mais. Como os membros compartilham uma visualização única dos fatos, é possível ver todos os detalhes de uma transação de ponta a ponta, o que oferece maior confiança, eficiência e novas oportunidades. Por isso a blockchain é tão importante e muitas empresas já fazem a utilização da tecnologia.

As operações frequentemente desperdiçam esforço na manutenção de registros duplicados e nas validações de terceiros. Os sistemas de manutenção de registros podem ser vulneráveis a fraudes e ataques cibernéticos. Uma transparência limitada pode atrasar a verificação de dados. E, com a chegada da IoT (do Inglês Internet of Things ou Internet das Coisas), os volumes de transações aumentaram muito. Tudo isso atrasa os negócios e afeta os resultados, o que significa que precisamos de uma solução melhor. Sendo assim, é aconselhável que as empresas e instituições precisam mudar de mentalidade e começar a usar a tecnologia blockchain.

A tecnologia blockchain tem sido cada vez mais explorada, no sentido de beneficiar o agronegócio em diversas áreas, como a rastreabilidade, onde já é possível rastrear toda a cadeia de suprimentos. É possível saber, por exemplo, a quantidade de defensivos utilizados em uma determinada produção ou monitorá-la para certificar-se de que aquele pedaço de carne ou pacote de café tenha garantido um determinado processo desde a produção até o destino. Assim, cresce também a segurança do processo, pois, com mais rastreabilidade, diminui-se o custo e aumenta a eficiência em assegurar a produção, a logística, entre outras questões.

Isso é, sem dúvida, uma revolução em relação à produção, transporte e comercialização de alimentos. Imagine ter a garantia de como o animal foi inseminado, qual a ração, se foi aplicado o conceito de bem-estar (incluído no momento do abate), dos cortes, da temperatura na refrigeração e na venda ao consumidor, local, tempo de produção e clima. Todos os processos estão em suas mãos em segundos, sem adulteração.

A segurança alimentar e os cuidados em relação ao que se come são constantemente buscados pela população. Uma grande parcela quer saber de onde vem o que está ingerindo. É um fenômeno que veio para ficar e quanto mais informação o produtor, a indústria e o varejo oferecerem, mais dados a população terá e mais satisfeita ficará.

blockchain no agronegócio garante e fortalece a confiança e a transparência das relações de toda a cadeia, antes, dentro e depois da porteira. Assim, se torna uma prova concreta de respeito a todos os consumidores, tanto intermediários quanto finais.

* Coordenadora de Comunidades do Sistema FAEMG/SENAR/INAES