Há dois anos, o Projeto SuperAção Brumadinho realiza visitas à propriedade da jovem produtora e filha de produtores rurais, Joyce Martins da Cunha, em Mário Campos. Casada com Ezequiel Eloizio Damasceno e mãe do Pedro Henrique, de quatro anos, a rotina é agitada e só para ao anoitecer. Além dos cuidados com a família, ela cuida do viveiro de mudas de olerícolas, organiza pedidos de clientes e faz a separação das hortaliças que são enviadas ao centro consumidor em Belo Horizonte e região metropolitana. Hoje, toda a renda vem das estufas e do fornecimento de verduras e folhas para restaurantes.
Mas a história e o dia a dia da família de agricultores não foram sempre assim. Eles já haviam tentado implantar um cultivo de hortaliças em hidroponia, mas, devido à falta de informação e segurança, não tiveram sucesso. Houve investimento em material e insumos, mas alguns acabaram sendo vendidos e outros guardados na propriedade. Além disso, a maioria dos clientes era de Brumadinho, onde muitos perderam tudo em consequência do rompimento da barragem. “Todos tiveram que parar, e nós não conseguimos voltar a fornecer para eles”, contou a produtora.
O casal só resgatou o sonho a partir do Projeto SuperAção Brumadinho, que completa dois anos de acompanhamento à propriedade neste mês. “A técnica de campo Janaina Canaan veio com sua calma e sabedoria, ensinando e aprimorando o que eu precisava aprender. O apoio dela foi fundamental para que pudéssemos recomeçar sem medo, porque ali tinha a assistência que precisávamos. No percurso, uma foi aprendendo com a outra. Hoje, se a hidroponia está indo bem é por incentivo dela”.
Joyce está orgulhosa da qualidade que tem percebido no cultivo de rúcula, alface crespa, lisa, roxa e americana, almeirão, cebolinha, salsinha, coentro, brócolis, hortelã, manjericão, couve, agrião, espinafre, acelga, chicória, taioba e beterraba.
Retomada e expansão
Desde o diagnóstico produtivo individualizado, feito no início do programa, o casal evoluiu. O planejamento estratégico e a adequação tecnológica da cadeia produtiva os encaminharam para a execução de ações mais assertivas de gestão de negócio, com foco na sustentabilidade socioeconômica da família.
Com as visitas regulares da ATeG e a oportunidade de obter informação técnica e qualificada, o planejamento foi em torno da retomada da produção de rúcula em sistema hidropônico. Em março de 2021, a capacidade das bancadas era de uma produção em torno de 5.200 plantas, com uma colheita diária de cinco dúzias de rúcula. De acordo com a técnica, o conhecimento prático adquirido pelos produtores e o reconhecimento da qualidade do produto, por parte do consumidor, motivaram os agricultores a ampliar a produção. Em seis meses, a nova estufa já estava em processo de finalização, e a capacidade saltou para, aproximadamente, 12.000 plantas, aumentando a aptidão produtiva em 130%.
“Com o sistema de produção hidropônico, a família, que empenha 100% da mão de obra familiar no setor agrícola, passou a obter receitas da comercialização de hidropônicos que representam 20% da renda familiar, mantendo um fluxo de caixa positivo, de aproximadamente 65% em relação às despesas. Este é mais um caso de sucesso em que notamos a contribuição da ATeG na evolução do empreendimento rural”, destacou a técnica.
“Eu tenho uma paixão pela terra. Não consigo me ver fazendo outra coisa. Mas, na agricultura, o importante é não desanimar. No final do trabalho, a satisfação de ver uma plantação bem cuidada, uma colheita farta e os clientes satisfeitos não tem preço”, concluiu a produtora.