José Alves, de Joaíma, celebra avanço que resultou da união de diferentes entidades e traz oportunidades para o Vale do Jequitinhonha
O produtor José Alves dos Santos, de Joaíma, no Nordeste de Minas Gerais, alcançou um feito inédito: sua queijaria é a primeira em todo o estado a obter o registro de inspeção sanitária para comercializar o “Queijo Artesanal Cabacinha do Vale do Jequitinhonha”.
Uma conquista que contou com o apoio do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria do Sistema Faemg Senar, a Comissão Técnica (CT) de Queijo Minas Artesanal, a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais (Seapa) – por meio do IMA, Epamig e Emater – além do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário do Baixo Jequitinhonha (Cimbaje) e da Associação de Produtores de Queijo Cabacinha (Aprocaje).
O gerente de Relações Institucionais e Governamentais do Sistema Faemg Senar, Altino Rodrigues, conta que a regulamentação é mais uma etapa conquistada em Minas Gerais.
“É um avanço para uma região que produz esse queijo há muitos anos, já reconhecido pelos consumidores, mas sem poder ser comercializado formalmente. Agora, com a criação dos consórcios municipais e a possibilidade de obter o Selo Arte, esses produtores podem vender em todo o país. Isso gera valorização, reconhecimento e agrega muito valor ao produto. Além disso, traz melhoria de renda e de qualidade de vida para quem vive do Queijo Cabacinha no Vale do Jequitinhonha.”
Apoio do Sistema Faemg Senar
Acompanhado pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria, de 2021 a 2023, o produtor conta que o apoio do Sistema Faemg Senar e da técnica de campo Liliane Duarte foram fundamentais em sua trajetória.
Sergipano e economista de formação, ele deixou o estado natal e decidiu comprar uma propriedade rural em Joaíma, seguindo o exemplo dos pais que haviam se mudado anos antes. Sem experiência no agro, José Alves conta que o Senar lhe deu conhecimento técnico para evoluir.
“Comecei do zero, sem entender nada da propriedade. Por isso, fiz uns 10 cursos do Senar. O meu primeiro curso na área de queijo foi em 2001, fazendo muçarela. Já o Cabacinha eu comecei a produzir em 2010, após incentivo do meu vizinho que dizia que havia muita demanda para o produto. Em 2021, entrei no programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria e não parei mais!”
Ao longo dos anos, a sua queijaria “Queijo Cabacinha da Fazenda Terra Estranha” conquistou importantes prêmios nacionais, tendo sido medalha de ouro no 2º e 3º Mundiais do Queijo do Brasil, além de medalha de ouro no VI Prêmio Brasil de Queijos Artesanais.
Caminho para o registro sanitário
As conquistas fizeram José ver que precisava ir além. Com o encerramento do ATeG Agroindústria na sua propriedade, ele continuou sonhando com a regulamentação, ainda inexistente no estado. Para tanto, José decidiu participar do projeto Pós ATeG, arcando por conta própria com as despesas da técnica de campo Liliane, que já o acompanhava, somado à orientação de outra técnica, a especialista em registro sanitário, Lívia Maria.
“Desde 2023, quando comecei a acompanhar o José, ele sempre demonstrou muita vontade, mas o grande gargalo era a falta de regulamentação para o Queijo Cabacinha. Mesmo sem a regulamentação, ele nunca desistiu e estava disposto a fazer todas as adequações. Ele sabia que isso traria muitos benefícios!”, conta Lívia.
A técnica relata que, a partir daí, a busca pelo regulamento do Queijo Cabacinha foi construída a várias mãos, com intenso diálogo entre instituições como o Sistema Faemg Senar, por meio do ATeG Agroindústria e a Comissão Técnica (CT) de Queijo Minas Artesanal, a Secretária de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Seapa), por meio de suas instituições vinculadas - IMA, Epamig, Emater - e o apoio do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário do Baixo Jequitinhonha (Cimbaje) e a Associação de Produtores de Queijo Cabacinha (Aprocaje).
A parceria entre as instituições deu certo e, no dia 15 de maio, o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Cabacinha foi lançado oficialmente na cidade de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha.
O vice-presidente do Sistema e presidente da CT de Queijo Minas Artesanal, Frank Barroso, comenta que o reconhecimento e a regulamentação do Cabacinha são fruto de um trabalho conjunto entre produtores, associações, sindicatos, Federação da Agricultura e o Governo de Minas.
“Essa conquista mantém as características tradicionais da produção artesanal, garantindo também segurança alimentar ao consumidor. Todos ganham: produtores e sociedade. O Sistema Faemg Senar e os sindicatos de produtores rurais se sentem com o dever cumprido por apoiar essa jornada. Esse resultado vem desde a Rota do Queijo, promovida em 2024, em Medina. E foi coroado em maio de 2025, em Pedra Azul, com a assinatura da regulamentação. É uma vitória histórica para o Queijo Cabacinha e para toda a região do Jequitinhonha.”
A analista de ATeG, Paula Lobato, celebra a conquista e diz que ela é muito representativa para os produtores do Vale do Jequitinhonha. "Essa conquista é resultado de anos de trabalho, dedicação e saberes tradicionais passados de geração em geração e significa valorização do território, aumento das oportunidades de comercialização e, principalmente, autoestima para os produtores. Para o Sistema Faemg Senar é uma demonstração clara de que quando se trabalha equipe e em rede os resultados aparecem!"
