A agropecuária e o agronegócio de Minas Gerais e do Brasil receberam uma excelente notícia que promete injetar otimismo no mercado: o governo dos Estados Unidos confirmou a retirada do tarifaço de 40% que incidia sobre produtos agrícolas brasileiros, como café, carne e frutas. A decisão, que finaliza uma escalada tarifária iniciada anteriormente, foi avaliada como positiva pelo presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.
"É uma ótima notícia para Minas Gerais. Nós exportamos muito café para os Estados Unidos. A retirada dos 10% e, agora, dos 40% vai nos dar uma condição de competitividade ainda maior", destacou De Salvo.
Café
Para o café, principal produto de exportação mineiro para o mercado norte-americano, a medida traz tranquilidade imediata para o produtor. "Dá uma garantia para o produtor mineiro comercializar a safra tranquilo, sem atropelos. Não precisa ter pressa de vender, será possível negociar melhor", afirmou o presidente. Ele lembrou ainda que, embora o Brasil não enfrente grandes competidores diretos no fornecimento de café para os EUA, a remoção das tarifas assegura a previsibilidade do mercado.
Carne
A medida também é crucial para o complexo da carne, sendo os Estados Unidos o segundo maior comprador do produto brasileiro, atrás apenas da China. "É uma notícia que dá tranquilidade para continuarmos negociando produtos importantes, com a carne bovina puxando a fila muito bem", frisou De Salvo. Com o Brasil iniciando o período de safra após a entressafra, a estabilidade comercial com o segundo maior cliente global garante um horizonte seguro para o produtor rural.

Pressão interna
Antônio de Salvo analisou a decisão de Trump como fruto de pressão interna dentro dos EUA. “São os americanos pensando nos americanos. Na prática, a retirada das tarifas é um movimento para acabar com um problema que ele (Trump) criou. Agora, estão corrigindo um impasse que impactava o próprio consumidor americano”, ressalta.
De acordo com o presidente do Sistema Faemg Senar, as tarifas não se sustentavam economicamente: o governo norte-americano não encontra outros países para suprir a demanda por café e frutas, e a carne brasileira é mais vantajosa economicamente. "A carne americana custa mais do que a nossa. Então, é melhor para os americanos exportarem a produção deles e comprar a nossa carne mais barata", explica.
Para De Salvo, a notícia favorável chega em um momento oportuno, oferecendo um alívio em um "fim de ano cheio de notícias difíceis para o setor, principalmente em relação às dificuldades de crédito e ao Plano Safra”, acrescenta.
Entenda o que aconteceu?
Os Estados Unidos anunciaram na última quinta-feira (20) a retirada das tarifas de 40% sobre alguns produtos brasileiros, como carne e café. A ordem executiva, publicada pela Casa Branca, que remove tarifas impostas em julho ao Brasil, aconteceu uma semana depois de o governo de Donald Trump suspender a taxa de reciprocidade de 10% imposta em abril sobre 200 mercadorias de diversos países.
O documento assinado pelo presidente norte-americano é retroativo a 13 de novembro. Entre os produtos agrícolas isentos de taxas, estão listados: café, carne, frutas e nozes, produtos de cacau, chá, especiarias, vegetais, raízes e tubérculos. A relação inclui ainda alimentos processados e bebidas, fertilizantes, além de minérios e minerais, combustíveis fósseis, petróleo e derivados.
Confira a listagem:
Produtos ainda com tarifaço
Máquinas
Motores
Calçados
Móveis
Café Solúvel
Pescados
Mel
Produtos sem tarifaço
Carne bovina (todas as categorias)
Café (verde, torrado e derivados)
Frutas frescas, congeladas e processadas — incluindo laranja, abacaxi, banana, manga, açaí
Cacau e derivados
Especiarias (pimenta, gengibre, canela, cúrcuma etc.)
Raízes e tubérculos (mandioca em todas as formas)
Sucos e polpas de frutas
Fertilizantes (ureia, nitratos, potássicos, fosfatados)