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Seminário destaca palma como 'reserva' forrageira

ESTRATÉGIA
ESCRITO POR RICARDO GUIMARÃES, DE MONTES CLAROS
17/11/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, FAEMG

Os índices irregulares de chuva no Norte do estado sempre revelam pontos de alerta para o planejamento do produtor rural. Dentro da estratégia da atividade, especialmente da bovinocultura, a diversificação de opções de forrageiras, como é o caso do uso da palma, faz toda a diferença para minimizar este impacto. Com a proposta de reforçar e ampliar este debate, o Sindicato dos Produtores Rurais de Buritizeiro, com apoio do Sistema Faemg Senar, realizou o 1° Seminário Regional da Palma Forrageira do Vale do São Francisco. O evento reuniu mais de 200 produtores de várias cidades vizinhas e contou com seis palestras técnicas.

“Para nós que estamos no semiárido, esse seminário tem muita importância para a produção rural, que convive todos os anos com a falta das chuvas, especialmente o pequeno produtor que, às vezes, não tem em sua propriedade a tecnologia para irrigar a sua capineira. É aí que surge a palma forrageira, como uma nova opção à altura do produtor, com a resistência à seca”, destacou o presidente do SPR de Buritizeiro, Audi Braga.

Gilson Pereira Rodrigues, pequeno produtor da região, se mostrou satisfeito com o tema da palestra. Ele vem, nos últimos meses, implantando o uso da palma na alimentação animal, já com resultados animadores. “Plantei 50 raquetes de palma. Agora em 2025, com a falta do alimento para a criação, eu consegui tirar mais de 50 carrinhos de alimento. Eu tenho um vizinho que perdeu o gado esse mês, por falta de alimento”, comentou o produtor.

A ideia dele é usar os novos conhecimentos técnicos para aprimorar o plantio e garantir ainda mais nutrição de qualidade ao rebanho. “Você planta e pode guardar para o ano seguinte, para quando realmente precisar. É um alimento muito bom para a criação e muito produtivo. Não fiquei com nenhuma vaca magra neste período. Eu quero dobrar a área de plantio para ofertar ainda mais aos animais”, acrescentou Gilson.

Introdução da cultura

Com a realização do seminário, o SPR de Buritizeiro espera iniciar uma introdução mais efetiva da cultura da palma junto aos produtores. A ideia é constituir pequenas propriedades experimentais e multiplicadoras de tecnologia. “Serão áreas de 600 metros quadrados, que a gente vai distribuir, implantando a palma. Serão testadas três variedades de palma. Esperamos conseguir, através dessa pesquisa, identificar a variedade de cultivo que melhor se adapte”, explicou Audi Braga.

Há alguns anos, as pesquisas, com apoio do Sistema Faemg Senar, mostram a importância da palma nas estratégias para a produção rural do Norte de Minas. Em 2023, no encerramento do VI Congresso de Palma e Outras Forrageiras para o Semiárido e o Palmatech, mais de 300 pessoas participaram de um Dia de Campo temático sobre a palma, realizado na Unidade de Referência Tecnológica de Montes Claros.

Pesquisadora na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e chefe geral da regional Norte, Leidy Darmony de Almeida Rufino destaca que, independentemente da cidade, todo o Norte do estado tem muito a ganhar com a adesão ao plantio da palma.

“Essa alternativa a mais de forrageira tem como principal característica a resistência à seca. Ela consegue, em sequeiro, cerca de 200 a 400 toneladas de matéria natural. É preciso aumentar as áreas plantadas de palma aqui na região. Normalmente o produtor começa a se interessar por essa espécie forrageira quando passa por algum episódio de falta de comida, que ele precisa ou comprar comida de fora ou então desfazer dos animais. É preciso uma estratégia para a produção de forragem no período seco, quando os capins somente não são suficientes, e é onde a palma é uma das possibilidades. A palma garante para o produtor segurança produtiva”, pontua a pesquisadora.

Por mais que seja uma cultura rústica e resistente à seca, a palma precisa de todos os cuidados que uma planta precisa, como uma boa análise de solo para correção e adubação. Essas e outras orientações fizeram parte da programação do seminário em Buritizeiro.

Francisco Neves da Fonseca espera implantar de forma efetiva a palma a partir de 2026 como estratégia para não perder mais animais para a seca. “Eu perdi muito o gado este ano. Quero plantar para eu não perder a criação. Eu tenho uma área pequena de palma e hoje aprendi um pouco mais como garantir essa efetiva produção da forrageira”.