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Queijo de Alagoa conquista o Super Ouro na ExpoQueijo

RECONHECIMENTO
ESCRITO POR CARLA ARANTES, DE JUIZ DE FORA
30/06/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR

Pela primeira vez desde sua estreia em 2019, a ExpoQueijo Brasil - Araxá International Cheese Awards entregou o seu maior prêmio para um queijo artesanal brasileiro. O grande vencedor do troféu Super Ouro 2025 foi o Queijo Pedra do Segredo, produzido pela Queijaria Pedra do Segredo, de Alagoa, no Sul de Minas Gerais. O produto concorreu na categoria queijo de leite cru, casca lisa e/ou lavada, com ou sem aquecimento, acima de 180 dias de maturação, e obteve a maior pontuação entre as mil amostras inscritas por 16 países.

Para o dono da queijaria, Jayme Porfírio, a conquista foi uma grande surpresa. Ele conta que mandou dois queijos para o concurso, um com cerca de 200 dias de maturação e outro capa preta, mais macio. “Pessoalmente, eu não gosto de queijo tão maturado, então achei que o capa preta tinha mais chances, porque eu acho mais gostoso”, riu. Mas foi justamente o maturado que levou o grande prêmio e alçou o produtor a novos voos. A conquista dá à Queijaria Pedra do Segredo o direito de participar de um concurso internacional, no Chile.

Produção que atravessa gerações

Jayme Porfírio tem a queijaria há cinco anos, mas a relação da família com o queijo artesanal é bem mais antiga. “O meu bisavô já produzia queijo”, conta. Mesmo com o conhecimento passado de pai para filho, em 2022, Jayme se inscreveu no Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema Faemg Senar. Sob a orientação da técnica de campo Suelei Reis e o apoio do Sindicato Rural de Baependi, o produtor aprimorou os processos e profissionalizou a empresa. “O principal é a disciplina. A gente que é produtor familiar faz tudo no sítio, está sempre correndo. O ATeG me ensinou a ter mais disciplina e organização. Mudou tudo”.

Outros dois produtores atendidos pelo Programa ATeG em Alagoa também conquistaram medalhas na ExpoQueijo 2025. Os produtos da cidade também foram destaques no Festival do Queijo Artesanal, realizado entre 12 e 14 de junho, em Belo Horizonte. Dos 18 queijos que atingiram nota máxima na 3ª Avaliação Técnica dos Queijos ATeG Agroindústria, quatro eram de Alagoa e de sítios que participam do programa. “Isso mostra que a junção de uma localidade própria para a produção, técnica correta, qualidade da matéria prima e um processo de gestão bem definido fazem toda a diferença no resultado. É isso que passamos para nossos atendidos”, destaca o gerente do escritório regional da Faemg Senar na Zona da Mata e Vertentes, Emerson Simão.

Sob a orientação da técnica de campo Suelei Reis e o apoio do Sindicato Rural de Baependi, o produtor aprimorou os processos e profissionalizou a empresa

A técnica de campo Suelei Reis também comemorou: “eles eram meus produtores mais dedicados, sempre ansiosos por novas recomendações”, lembra. Ela explica que o programa é bem amplo. Trata de boas práticas, qualidade do leite, qualidade da água, tratamento, questão ambiental, desenvolvimento da marca, tudo acompanhado de perto pela técnica. Até o selo de inspeção sanitária foi conseguido durante o período de atendimento.

Suelei conta, ainda, que não foi fácil convencer Jayme a participar dos concursos, mas desde que ele aceitou, conquistou medalhas em todos. “Com a premiação de Super Ouro, eu fico até emocionada, porque realmente eles merecem, é fruto do trabalho e dedicação deles”, afirma a técnica.

Valorização do queijo artesanal

A ExpoQueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards já é considerado o maior evento do segmento nas Américas e conta com a participação dos principais países produtores. A edição 2025 foi realizada entre 26 e 29 de junho, no Grande Hotel e Termas de Araxá, patrimônio cultural e histórico de Minas Gerais.

O concurso deste ano teve 43 categorias e premiou produtores de quatro países. O Brasil liderou o ranking com 40 conquistas “Ouro”, seguido por Itália, Argentina e Peru. Minas Gerais foi o estado com maior número de premiações. O concurso avaliou mil queijos artesanais de 16 países, julgados por cerca de 200 especialistas de sete nacionalidades.