Se a apicultura tem sido fator de novas oportunidades para muitas famílias no Norte de Minas, ela também vem contribuindo para a fixação dos produtores rurais em suas propriedades. Com o auxílio das ações do Sistema FAEMG, a sucessão familiar na região de Bocaiuva tem passado, por exemplo, dos pais para as filhas, como é o caso do seu José Maurílio de Souza e de Roseane de Cássia Souza.
Eles conheceram juntos a apicultura, quando se mudaram para a comunidade de Paraterra 1, zona rural de Bocaiuva. Inicialmente atuando de forma mais alternativa, logo a família entendeu que poderia investir mais dedicação e tempo à atividade. Foi quando Roseane passou a atuar mais ativamente no apiário. “Conhecemos a apicultura juntos, cerca de 15 anos atrás. Mas no início não me envolvia tanto no apiário, era mais meu pai que trabalhava. Com o passar do tempo vi que a atividade era muito prazerosa e satisfatória. Foi uma mistura de incentivo do meu pai para atuar e também pelo companheirismo”, explicou Roseane, a única dos irmãos que seguiu a atividade profissional.
Hoje, pai e filha saem juntos para cumprir a rotina do trabalho, realizar os manejos orientados pelos técnicos do ATeG e colher o mel. São 35 caixas povoadas, e só neste ano foram três colheitas, totalizando cerca de 200 kg de mel. “Gosto de trabalhar em família e a apicultura tem sido uma alternativa de renda familiar boa. Os jovens têm mais energia, disposição para aprender coisas novas. Então trabalhar com a Rose é muito bom. Muitas vezes, eu peço alguma informação e outras vezes eu ajudo em algo que sei. É sempre um ajudando o outro”, relatou José Maurílio de Souza.
Formação para o futuro
A região de Bocaiuva tem sido um importante centro de difusão da apicultura para o Norte de Minas. A cidade conta com centenas de apicultores, associações, o entreposto do mel, que faz o envase de méis de diversas cidades, e ainda conta com um curso técnico presencial voltado para a cadeia produtiva que tanto se expande. Agatha Soliene de Jesus, de 17 anos, está no primeiro período desse curso. A jovem, que ainda está no ensino médio, vê na atividade uma possibilidade de profissão para os próximos anos. “Estou gostando do curso. Comecei achando que iria falar só de apicultura, mas fala muito mais. As matérias ajudam a aprender a trabalhar com a cadeia como um todo”.
E a escolha pela área profissional não foi por acaso. Filha do apicultor Geovanni Antônio Jesus, a jovem se habituou a frequentar o apiário do pai e a auxiliar em diversas atividades. “Logo que comecei a atuar, passei a já explicar para a minha filha sobre a produção. Levava o mel da extração para casa. Em dias mais apertados, pedia auxílio da minha esposa e da Agatha para fazerem a estruturação dos quadros usados na colmeia, por exemplo. A perspectiva é cada vez mais a minha filha poder atuar comigo, especialmente na parte técnica e gerencial da atividade. Trabalhar essa sucessão familiar é muito importante atualmente. Embora os jovens, cada vez mais, se voltem somente à tecnologia, ela tem focado na apicultura”, comentou Geovanni Antônio.
No apiário da família, em atividade há seis anos, são 120 colmeias produtivas, com uma média de produção em torno de três toneladas. Hoje, pai e filha vivem sonhos e boas perspectivas com a produção. “Meu pai sempre me levava para eu ver na prática a atividade. Meu objetivo é de seguir na profissão, poder fazer outros cursos que envolvem a atividade rural. Temos na nossa região uma área de produção boa de mel. Tenho a certeza de que dá para viver da apicultura, trabalhando corretamente”, afirmou a jovem.
“Ser espelho para ela é um orgulho. Temos sempre que pensar em deixar lições, ensinar etc. Me deixa muito orgulhoso saber que poderei perpetuar o trabalho do apiário para próximas gerações. A Agatha já idealiza sonhos. Na última colheita ela me acompanhou e viu que dá sustentabilidade, que pode trabalhar e trilhar este caminho profissional”, finalizou o pai, orgulhoso.