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Neto assume gestão e ultrapassa 150% em produtividade

ATEG BALDE CHEIO
ESCRITO POR JOSIANE MOREIRA, DE SETE LAGOAS
30/09/2022 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR

Vinícius Corrêa, filho de produtor rural, é um jovem de 25 anos que saiu de Paraopeba e foi para Belo Horizonte estudar, mas nunca cortou as raízes com o campo. Após se tornar engenheiro mecânico, ele decidiu voltar para a terra natal e ajudar o pai na propriedade. “Eu imaginava que retornaria para a roça, porque sempre tive esse desejo, mas não tão cedo”, comentou, lembrando-se da promessa de conquistar independência financeira primeiro e, só depois, investir em alguma atividade rural.

O caminho foi inverso e de surpresas positivas. “Eu diria que sou um abençoado”, completou. A ‘virada de chave’ veio quando o avô, Helvécio Corrêa, de 88 anos, o convidou para assumir os negócios da fazenda Boqueirão, cuja atividade econômica e de base familiar gira em torno da bovinocultura de corte e leite e do mercado de compra e venda de gado.

Senhor Helvécio e o neto Vinícius

No começo, o trabalho não foi fácil. Faltavam organização de rotina, definição do manejo, planejamento e outras melhorias nos processos. A lida acontecia naturalmente, e a família não sabia onde estavam e aonde queriam chegar. “Éramos retrógrados, com ações tidas como ultrapassadas, como deixar o bezerro mamar no peito da vaca antes da ordenha. Também não fazíamos controle de apartação de lote e pesagem de leite, por exemplo,” revelou.

Mão na massa

Para sair do negativo e aprimorar a gestão, o jovem teve o apoio do Sindicato dos Produtores Rurais de Paraopeba, conheceu o Sistema Faemg e passou a contar com o Programa de Assistência Técnica e Gerencial - ATeG Balde Cheio.

Antes, a produção de leite era de 250 litros por dia; depois de seguir as orientações do técnico de campo Douglas Pires, esse número saltou para 650 litros, um aumento de 160%. A entrega mensal, que era de 7.500 litros, passou para 19.000. A propriedade saiu de um resultado preocupante de R$ 2 mil negativos e foi para R$ 20 mil positivos, com 62 vacas em lactação.

As principais interferências foram na dieta do rebanho, atenção na divisão de lotes, investimento em recria e reposição de animais, melhoramento genético por meio da transferência de embriões, substituição da silagem de sorgo por silagem de milho na dieta e imersão no universo da gestão. E, apesar de já conhecer bem o funcionamento da fazenda, Vinícius passou a pensar em tudo como um negócio, com prestação de contas periódicas em planilhas e análise individual dos animais. Tudo sob os olhares criteriosos do técnico de campo.

O técnico Douglas e Vinícius, durante os atendimentos do ATeG Balde Cheio

Aprimorar, criar, investir e crescer, hoje, são palavras presentes no vocabulário do jovem, que traduz a trajetória como desafiadora, mas totalmente possível e de sucesso graças à informação que chega ao campo, conhecimento e apoio dos que já passaram pela experiência. Segundo ele, o mais interessante é que todas as ações que geraram os resultados positivos estão relacionadas à mudança de mentalidade. “Até porque, o cenário não era favorável para aderirmos a soluções que envolvessem investimento financeiro”, destacou.

Negócio de família

Para Douglas Pires, esse é um exemplo clássico de sucessão rural bem-sucedida e sólida, em que a produção de leite dá condições e boas perspectivas econômicas e sustentáveis para a continuidade do trabalho de outras gerações, respeitando a história e cultura do local. “Temos a família, que é bastante unida, como a base estrutural do negócio. Todos vêm se conscientizando de que a fazenda é uma empresa e, neste contexto, deve haver planejamento, gestão e metas”, comentou, orgulhoso.

“Não me arrependo de nada e acredito que foi no tempo de Deus. Aos jovens que querem seguir o mesmo caminho, tenham certeza de que haverá recompensas, mas o ambiente não aceita preguiça, amadorismo e procrastinação. Então, faça o que tem que ser feito”, aconselha o jovem produtor.