
Apesar da alta de 0,18% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em novembro, a inflação brasileira só não foi maior graças ao desempenho da agropecuária. O IPCA, calculado pelo IBGE, mostra a variação dos preços mês a mês e é o indicador oficial de inflação do país.
Pelo sexto mês consecutivo, o grupo ‘Alimentação e Bebidas’ registrou variação negativa de -0,01%, permanecendo praticamente estável e contribuindo para conter a alta do índice oficial mesmo diante das pressões vindas dos grupos Despesas Pessoais, influenciado pela COP30, e Habitação, devido ao aumento da energia elétrica. O subgrupo ‘alimentação no domicílio’ apresentou retração de -0,20%, enquanto alimentar-se fora de casa ficou +0,46% mais caro.
A importante safra de frutas e hortaliças, a oferta de leite no mercado, além da boa oferta de arroz e feijão, foi determinante para segurar os preços no varejo. Produtos como limão, maracujá, tomate, abobrinha, pepino, cenoura e leite longa vida tiveram quedas expressivas no mês, refletindo o impacto direto da produção agrícola sobre a redução do custo de vida dos brasileiros. A boa performance da agropecuária também compensou aumentos em energia elétrica, hospedagem e passagens aéreas, itens com grande peso no avanço do índice no mês.
Análise
Segundo a assessora técnica do Sistema Faemg Senar, Aline Veloso, os alimentos continuam sendo fundamentais para conter a inflação. “Isso mostra a eficiência e a força produtiva do nosso campo, que vem garantindo oferta e preços acessíveis mesmo em um cenário de pressão em outros setores da economia. A queda de preços de frutas, hortaliças, leite e itens básicos como arroz e feijão reflete o impacto direto das safras e da boa oferta agrícola. Quando o campo produz bem, o consumidor sente o alívio no bolso”, explica.
Para Aline, isso reforça a necessidade de políticas públicas que apoiem o setor, fomentem a produção, ajudem a contornar situações adversas de mercado, ampliem a eficiência logística e, especialmente, fortaleçam os mecanismos de proteção contra riscos climáticos.
Perspectivas
Para dezembro, a especialista prevê um movimento mais moderado na queda dos preços dos alimentos. “As festas de fim de ano elevam a demanda por produtos alimentícios e bebidas e o clima úmido pode impactar algumas culturas. Ainda assim, a inflação deve encerrar o ano dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, com contribuição importante do setor agropecuário”, conclui Aline.