O Sindicato dos Produtores Rurais de Betim, que também atende as cidades de Belo Horizonte, Ibirité, Raposos, Rio Acima e Nova Lima, retoma as atividades após 20 anos. Sob a nova presidência de Gleyson Borges, 43 anos, no mandato 2023/2025, a entidade está em plena transformação e reestruturação, pronta para defender os interesses dos produtores rurais da região. “A documentação e questões legais estavam bem resolvidas, mas não havia proximidade e mobilização direta com os produtores, o que trouxe um atraso para o meio rural na região”.
O convite para assumir o cargo partiu do ex-presidente Alexandre Dornelas, atualmente no comando da Cooperativa dos Produtores Rurais da cidade (COOPBETIM Agronegócios), ciente de que o sindicato precisava deste cuidado e olhar proativo. “Eu era muito ligado à cooperativa e sempre apoiava no que fosse preciso por causa do meu conhecimento com estrutura sindical, em trabalhos anteriores”, explicou.
Produtor rural experiente, criador de Jersey e vice-presidente da Associação dos Criadores de Gado Jersey de Minas Gerais, Gleyson conta que está disposto a arregaçar as mangas e correr atrás do prejuízo. Ele vislumbra um cenário otimista para os produtores, trabalhadores rurais e familiares, colocando-os no centro das atenções, mostrando o quanto a classe tem a ganhar com uma entidade mais forte e atuante.
Novidades
A parceria com o Sistema Faemg Senar foi fundamental para o sucesso dessa retomada. Cursos e treinamentos à disposição do produtor aquecem a produtividade, rentabilidade e a qualidade nas principais cadeias produtivas das áreas de abrangência do SPR, com destaque para a pecuária de leite, corte, apicultura, olericultura, turismo rural, avicultura, e equinocultura. ”A primeira coisa que eu fiz foi nos aproximarmos do Sistema. Sem eles estaríamos patinando”, comentou, feliz com a formação da primeira turma no Programa de Assistência Técnica e Gerencial - ATeG Balde Cheio.
Novidade também no atendimento presencial, que foi ampliado com o funcionamento regular em diferentes serviços ao produtor, como folha de pagamento, cartão do produtor rural, emissão de notas fiscais e guias de Imposto de Territorial Rural (ITR), lançamento de vacinas, atualização cadastral junto ao IMA, entre outros. “Se temos mercado consumidor e matéria-prima nessas regiões, só precisamos ajudar o produtor a construir seu protagonismo, impulsionando-o à mudança de chave”, comentou.
O jeito de se comunicar também mudou
Comunicação mais moderna é outra aposta do sindicato para alcançar os produtores. A página do Jersey Minas no Instagram, fundada por Gleyson e, atualmente, considerada a maior do Brasil para a raça, serve como modelo. “Começamos há pouco tempo, mas já tem dado sinais interessantes. Redes sociais e outras mídias e contato mais direto com o público garantem que as demandas sejam ouvidas e atendidas com mais eficiência e agilidade”.
A respeito do cenário político para o agronegócio brasileiro, o presidente faz um apelo para que os produtores e demais atores do agronegócio participem mais das discussões da casa. “Não tem outra maneira de se fazer representado. É uma luta que temos que travar juntos, não nos esquecendo da vocação agropecuária do Brasil e seu potencial frente uma demanda global”.
Relação com o campo e gestão eficiente
Neto de produtor rural, Gleyson conta que sua história não é o melhor exemplo de sucessão familiar: os avós tiveram 24 filhos e apenas seis estão na pecuária, e dos mais de 60 netos, somente três escolheram o mesmo caminho. “As lembranças de uma infância marcada pelos passeios despretensiosos com meu pai me levando à gameleira foi o que me despertou mais tarde”, disse, relembrando a recente decisão de se mudar para o sítio “27 de novembro” para dedicar-se 100% à produção leiteira, e do quanto o coração já esteve dividido, durante 15 anos, com a profissão de educador físico, em academia própria.
Perguntado se ele mudaria alguma coisa em sua história, Borges afirma que não, pois sua passagem pelo meio acadêmico contribui muito no entendimento de muitas coisas nesta nova etapa da vida do produtor, que é a busca pelo conhecimento. “Na visão do meu avô, uma vaca que produzia 10 litros/dia era excelente, já no meu rebanho este mesmo animal não fica. Evoluímos muito na pecuária graças à ciência e à tecnologia, seja no manejo ou na gestão”.
