No município de Rio Pardo de Minas, coração do Norte de Minas, em meio à paisagem árida e ao céu azul infinito, encontra-se a Fazenda Atoleiro, um oásis de prosperidade e sustentabilidade. Lá, o produtor rural, Dionísio Cândido, transformou a tradição familiar de produzir mandioca em um negócio próspero e inovador, que movimenta a economia local, gerando emprego e renda para a comunidade. Dionísio é o maior produtor de mandioca de Minas e o segundo maior do Brasil. Com o apoio de seus pais e irmãos, ele expandiu a produção e criou uma agroindústria de polvilho, que hoje é referência na região, a Polvilho Irmãos Cândido.
A trajetória de Dionísio é inspiradora. Nascido e criado em uma família humilde, ele aprendeu desde cedo o valor do trabalho árduo. Ele não se preocupa apenas com o sucesso de seu negócio, mas também com o impacto ambiental de suas atividades.
Além de ser um empresário de sucesso, Dionísio é um líder comunitário engajado. Ele preside a associação comunitária local e é vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Taiobeiras, onde defende os interesses dos produtores rurais da região. Ele também é membro da Comissão do Sistema de Olericultura, do Sistema Faemg Senar onde contribui com sua experiência e conhecimento para toda a cadeia desse setor agrícola.
Dionísio, como foi o começo da sua atividade? Pode nos contar um pouco da história da sua família?
Nascemos e crescemos aqui, na comunidade de Atoleiro, no município de Taiobeiras, em uma família muito humilde, produtora de mandioca desde a década de 1980. A tradição vem da minha avó, passou para meu pai e nós demos continuidade. Meu pai não nos deu recursos financeiros, mas nos deu educação, que vale muito mais do que dinheiro.
Qual o papel de cada membro da sua família na fazenda e na agroindústria ?
Meus irmãos e eu nos dividimos nas áreas de agricultura, comércio e administração. Meus filhos também estão se envolvendo no negócio da família. Estamos conseguindo fazer a sucessão familiar bem-sucedida, o que é muito difícil para alguns produtores.
Além da mandioca, com quais culturas ou atividade vocês trabalham na fazenda Atoleiro?
No início, meu pai trabalhava com cachaça, polvilho e gado, mas em pequena escala. Eu era caminhoneiro e via a alta demanda pelo polvilho que minha mãe produzia aqui. Então, decidi investir em formação e tecnologia para ampliar a produção de mandioca e criar uma agroindústria. Para isso, fiz meu primeiro curso do Senar, em 1998, que na época era chama “Cultivo de Mandioca”.
Hoje, continuamos com a criação de gado de corte e um de meus irmãos, segue produzindo a cachaça.
Quantos hectares de mandioca vocês cultivam hoje?
Atualmente, cultivamos 700 hectares de mandioca, sendo 600 hectares no município de Rio Pardo de Minas e 100 hectares em Taiobeiras. Já chegamos a produzir 25.000 sacas de 50 kg de mandioca.
Como funciona o processo de produção da mandioca aqui na fazenda?
Plantamos a mandioca em novembro, colhemos após 18 meses. Nos preocupamos muito com o meio ambiente, por isso implementamos práticas sustentáveis na propriedade, como a irrigação do cultivo de mandioca com água tratada e a produção de biogás a partir dos resíduos da mandioca. Além disso, nós aproveitamos ao máximo os subprodutos da mandioca, como a casca e a massa, para alimentar o gado, fechando o ciclo de produção e minimizando o desperdício.
Qual a importância do SENAR para os produtores rurais da região?
Os cursos do SENAR são essenciais para levar conhecimento e inovação aos produtores rurais. É uma honra fazer parte dessa cadeia produtiva. Sem o produtor, não há sobrevivência para o ser humano.
Qual o segredo do sucesso da Fazenda Atoleiro?
Trabalho duro, união familiar, sustentabilidade e investimento em conhecimento e tecnologia. Dizem que o Norte de Minas é um lugar pobre e que não dá nada, mas eu discordo dessa visão. Eu acredito no Alto do Rio Pardo. Somos um povo trabalhador e capaz de vencer na vida. Temos dificuldades, mas a tecnologia chegou e estamos acompanhando as mudanças.