A queijaria Faz o Bem Orgânico, criada há mais de um ano, tem sede em Piumhi. Assistida pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria, com uma linha de trabalho diferenciada, conquistou o certificado IBD, principal certificadora registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Esse resultado coroa o trabalho que começa na alimentação do rebanho, a aposta no leite orgânico, e o reflexo de todo esse preparo na qualidade final do produto. O primeiro Queijo Canastra Orgânico com certificação já pode ser degustado pelos amantes dessa iguaria mineira.
A produção da queijaria é familiar e conduzida pelo engenheiro agrônomo, Vinicius Soares, que deixou seu trabalho em uma multinacional para produzir queijo junto com a família. Segundo ele, a assistência técnica do ATeG, por meio do técnico Giancarlo Ferreira, auxilia muito no processo de fabricação dos queijos. Na certificação, as questões organizacionais da gestão da atividade, com a anotação de todos os procedimentos operacionais e técnicos, contribuiu muito em todo processo exigido.
“Acreditamos que o trabalho junto ao Sistema Faemg Senar tem um peso significativo para a certificadora. Estamos muito felizes com a certificação, pois vemos o nosso trabalho reconhecido. Produzir fora dos padrões convencionais, sem uso de agrotóxicos, antibióticos e transgênicos é um desafio muito grande”, afirma Vinícius.
Segundo o produtor, a decisão pelo segmento orgânico partiu de dois princípios. O primeiro por acreditarem que existe uma forma diferente de produzir, uma forma que impacte menos o meio ambiente e leve mais saúde para as pessoas por meio dos alimentos. “O segundo é ter um queijo Canastra diferenciado, produzido de forma orgânica que vai atender um nicho de mercado importante que está em desenvolvimento e com boas perspectivas. Associado a tudo isso um retorno financeiro para sermos economicamente sustentáveis”.
Atualmente, com os cerca de 100 litros de leite, eles produzem 10 queijos Canastra por dia. A comercialização dos produtos é feita via Instagram, facebook, whatsApp e por parceiros em Brasil.
Medalhas
Em 2022, a queijaria conquistou suas duas primeiras medalhas no Mundial do Queijo do Brasil, realizado em São Paulo no mês de setembro. Uma de prata com o queijo de 30 dias de maturação e outra de bronze com o queijo de 60 dias de maturação. "Foi como passar no vestibular. Uma prova pra nós mesmos. Vimos que estávamos no caminho certo e precisávamos melhorar mais a cada dia", relatou Vinícius.
Faz O Bem Orgânico
A Faz O Bem Orgânico nasceu do sonho de pessoas que amam a terra e possuem uma ligação emocional com ela, buscando produzir algo familiar, sustentável e ligado aos seus valores e princípios. Para realizar este sonho, Vinicius começou em 2019 a estruturar o projeto na pequena propriedade da família, localizada à beira do ribeirão Araras, afluente do Rio São Francisco.
A propriedade tem 25 hectares, sendo 11 de mata nativa e está localizada no Portal da Serra da Canastra. Portanto, 44% da área da propriedade encontra-se com mata nativa preservada. O sítio conta com 3,4 hectares no sistema silvipastoril intensivo, que integra árvores, arbustos, gramíneas e leguminosas. “Esse sistema é a base da nossa proposta de manejo regenerativo, que visa a produção dos nossos queijos, aliada às melhorias das condições gerais da nossa propriedade, como o solo, a água, a paisagem, a biodiversidade, o microclima e o bem estar dos animais e das pessoas”, explica Vinícius.
Para exemplificar o manejo regenerativo, o agrônomo diz que em 5 ou 10 anos vão produzir queijo debaixo de uma floresta, pois em uma área de pastagem de pouco mais de três hectares foram plantadas cerca de 300 árvores e 4 mil arbustos.
Junto do Vinícius e sua esposa, os pais e proprietários do sítio também trabalham e se dedicam ao projeto, além das irmãs e cunhados. Eles contam com a ajuda de dois colaboradores que contribuem na ordenha do leite e produção do queijo. Todo o processo é familiar e em pequena escala.
