Sucos, geleias, sorvetes, picolés, mouse e vitaminas. Essas foram algumas das receitas preparadas com a palma no curso piloto que ensina a usar o vegetal na alimentação humana. O treinamento foi promovido para dez produtoras rurais, em Porteirinha, pelo Sistema FAEMG/SENAR/INAES. O objetivo é mostrar opções práticas para incrementar a alimentação das famílias.
“A palma é uma fonte de combate à pobreza, fome e desnutrição, principalmente em regiões do semiárido. É uma cultura que pode gerar muita renda para essas famílias, por meio da economia com alimentação diária e pela própria comercialização dos produtos que aprenderam a fazer no curso”, destacou a analista de Promoção Social, Michelle Camila Ferreira, que acompanhou o treinamento no Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
O conteúdo envolveu a escolha da palma - dando maior valor às espécies mais novas e menores, higienização e sanitização do vegetal, manuseio para retirada dos espinhos e o preparo das receitas.
Regiane Patrícia, da região de Paradois, já conhece o uso da palma na alimentação para pratos refogados. Ela planta e faz a venda do produto, cortado e pronto para consumo, nas feiras da cidade. Agora ela espera ampliar as opções e ter mais renda. “É algo que vai ajudar muito no meu trabalho, com a agricultura familiar. Vendo a palma na feirinha, mas não conhecia as outras receitas que aprendemos. Então, será uma oportunidade para investir mais, incrementar o cardápio para os clientes e melhorar a qualidade”.
O gerente regional do Sistema FAEMG/SENAR/INAES em Montes Claros, Dirceu Martins, acompanhou o segundo dia do curso e experimentou o sabor da palma nas vitaminas. “O município de Porteirinha foi escolhido a dedo para fazer o curso piloto em Minas Gerais porque os produtores já têm o hábito de usar a palma na alimentação do gado no período da seca e, agora, a palma torna-se mais uma fonte de geração de renda na alimentação humana”.
Investimento no conhecimento
Pensando no futuro, Eliete Aparecida Silva ficou satisfeita por conhecer pratos feitos com a palma. Ela, que é da Comunidade do Barreiro Grande, cresceu vendo a avó falando sobre os benefícios medicinais do alimento, o que fez do produto um item histórico na família. “Foi gratificante conhecer novas formas de usar a palma. Eu me surpreendi ao experimentar novas receitas. Vejo como uma oportunidade de negócio. Tenho irmãs que são doceiras e podemos acrescentar no cardápio”.
A engenheira de alimentos Mara Juscilene Rocha, instrutora do curso, passou por uma capacitação, junto a outras profissionais, com um chefe mexicano, especialista no uso da palma. “No curso, mostramos essa diversidade de pratos, a importância da palma e a maneira mais adequada de manusear o vegetal, que já é uma matéria-prima existente na região. Com o curso, essas produtoras terão mais alternativas nutritivas para usar a palma, agregando mais valor”.
“Em outros países, como o México, ela é utilizada como ingrediente habitual da alimentação humana. Neste curso, a gente está explorando mais este ingrediente para mostrar que ele pode compor a alimentação em vários pratos diferentes”, destacou a gerente de Formação Profissional Rural e Promoção Social, Liziana Rodrigues.
Palma no semiárido
Apesar de comum em muitas propriedades, a palma ainda não tem tanta atenção do produtor. Isso porque o plantio precisa de cuidados e tecnologias específicas, como correção e adubação do solo, e o manejo de forma correta, evitando pragas e doenças.
O gerente regional do Sistema em Araçuaí, Luiz Rodolfo Antunes, é um dos mais entusiastas na divulgação da cultura. Ele comenta que todo ano os palmais avançam. Parte desse crescimento vem das ações de pesquisa, desenvolvimento e divulgação da cultura. Além de promover palestras sobre o tema, o Sistema FAEMG/SENAR/INAES oferece cursos sobre implantação e utilização da palma e, agora, sobre o uso na alimentação humana. A expectativa é que, em médio prazo, a palma possa ser uma cultura do dia a dia, tanto para a nutrição animal quanto na cozinha do produtor.
“Considero a palma uma cultura revolucionária, especialmente no semiárido. Sempre se quebrou a cabeça para achar um modelo de agropecuária funcional. Hoje, temos a visão muito clara de desenvolver uma agricultura e pecuária própria, e a palma é a principal cultura nesta linha de pensamento. A palma verdura tem baixo custo de produção por quilo, adapta-se a vários tipos de clima e solo, e ainda permite a produção de um alimento de alta qualidade”.