As ações do Sistema Faemg, por meio do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG, e em conjunto com as capacitações do Senar Minas, estão criando mais oportunidades para produtores rurais que querem atuar com a apicultura em Montes Claros. A cidade, que é a maior do Norte de Minas, tem grande histórico com a produção rural e vê o crescimento dos produtos apícolas avançar com qualidade e conhecimento no campo.
Cláudio Gonçalves Ferreira é um dos novos apicultores da região. Ele conheceu a atividade de forma profissional em 2017, após fazer um curso inicial para manejo de abelhas. Morador da comunidade rural de Buriti de Campo Santo, logo ele aplicou os conhecimentos e iniciou os primeiros enxames. “Um amigo foi capturar abelhas em uma fazenda que eu estava trabalhando. Ajudei naquele dia. Esse mesmo amigo me inscreveu em um curso de apicultura, depois que viu que me interessei pelo trabalho com as abelhas. Depois dessa primeira capacitação, comprei algumas tábuas e fiz 10 caixas para iniciar meus enxames”, lembra o produtor.
Sempre vivendo e trabalhando na comunidade rural, Cláudio até então mantinha sua dedicação maior aos trabalhos como diarista em fazendas da região, de onde tira sua maior fonte de renda. O tempo que sobrava, dedicava-se ao plantio de feijão e milho na pequena propriedade da família. Após conhecer a apicultura viu uma nova alternativa e definiu como objetivo fazer da atividade seu foco profissional. Entre capacitações e muito trabalho, Cláudio recebeu assistência técnica do ATeG até o fim do ano de 2021, período que viu sua produção se solidificar.
“Agora ficou mais fácil. Hoje tenho 16 enxames ativos. Na última colheita do mel de aroeira consegui 120 kg. O ATeG ajudou muito em pontos que eu já não sabia bem como atuar, como no combate às pragas, que já me fizeram perder dois enxames em outros anos, e no melhor manejo das abelhas para elas atuarem com mais eficácia”.
O apicultor conta que não esperava que a apicultura iria dar um retorno bom como deu em tão pouco tempo e se emocionou quando viu a colheita de mel pela primeira vez. “Todo o investimento inicial que fiz já foi recuperado. Com a ajuda do técnico de campo me orientei nessa parte gerencial. Então sigo investindo, melhorando o apiário”, lembra, com satisfação.
Avanço integrado
Cláudio é membro da Associação de Apicultores do Norte de Minas Gerais – Apinorte, que atua em cerca de 18 comunidades rurais de Montes Claros. A entidade tem buscado, por meio de parcerias como com o Sistema Faemg e Sindicato dos Produtores Rurais, alavancar a apicultura local e, especialmente, fixar estes produtores com oportunidades no campo.
“As pessoas viram como grande oportunidade a apicultura, e estamos incentivando nestas comunidades a trabalharem com a cultura. Nós vemos que é possível que essa cadeia produtiva venha a ser uma grande alternativa para fixar especialmente os jovens no campo, gerando mais ganhos no meio rural. Além disso, também trabalhamos nestas localidades para incentivar as mulheres a entrar cada vez mais na atividade”, comenta o presidente da Apinorte, Enilson Fonseca Silva.
Conhecimento para avançar
Uma das estratégias é exatamente mostrar como a atuação mais técnica ajuda a aumentar os ganhos e intensificar a produtividade. Atualmente, segundo levantamento da Apinorte, a média de produção gira em torno de 35 kg/ano por colmeia entre os apicultores da associação. A expectativa é atingir mais de 65 kg/ano por colmeia em breve.
“Precisamos de capacitação e projetos para manter este incentivo para o produtor atuar na área. A gente trabalha bem, mas precisa melhorar muito: promover a troca de rainhas, melhorar manejos e atuar com outros produtos apícolas, como geleia real e pólen. E só alcançaremos isso com capacitação. Temos um potencial enorme no entorno de Montes Claros para evoluir a atividade, para que todos possam sonhar com novos projetos”, opina Enilson Fonseca.
O avanço na atividade é o que Marcos André Araújo Dias também espera. Ele, que trabalha junto ao Cláudio Gonçalves em fazendas pela região, também conheceu a apicultura em 2017, quando fez um curso introdutório dentro do programa Jovem no Campo do Sistema Faemg. Antes do curso, o produtor de 27 anos já tinha alguns enxames e agora atingiu 20 colmeias, totalizando neste ano mais de 200 kg de mel em três colheitas realizadas. O ânimo com a atividade tem sido tão grande, que fez Marcos André deixar o trabalho na área urbana para voltar ao campo.
“Por enquanto eu trabalho no apiário quando sobra um tempinho. Mas quero ficar somente com a produção de mel em breve, tem sido mais rentável. Cheguei a morar em Montes Claros um tempo, mas voltei para atuar com o sustento vindo da terra. Não me arrependo de ter apostado na apicultura. Espero agora poder fazer mais cursos, receber assistência na propriedade, para evoluir. E espero que mais pessoas da comunidade possam despertar para os benefícios da apicultura”, destaca.
“Se Deus quiser, vou chegar ao ponto de ser um empreendedor da apicultura. Quero minha fonte de renda toda da produção de mel. Meu objetivo é ficar 100% com a apicultura, deixar os trabalhos externos para me dedicar”, complementa o amigo Cláudio Gonçalves.