Curso de Pigmentação Natural e Pintura ofertado pelo Sistema Faemg Senar encanta artesãos da região
Mais do que tradição, o Vale do Jequitinhonha tem no “DNA” um componente que se chama barro. Seja em bonecas feitas à mão pelas artesãs das comunidades rurais ou nas técnicas utilizadas para construir as casas com adobe, “cultivar” a arte na terra é, além de tudo, um mergulho profundo na história. Embora o envolvimento da região com a terra seja tão íntimo, o curso de Pigmentação Natural e Pintura, ofertado pelo Sistema Faemg Senar em parceria com a Associação Clube do Galope de Turmalina, deixou ainda mais vivo o sentimento de pertencimento do povo para com o artesanato de barro e afins. Esta é a primeira vez que o curso é ofertado na região.
A agricultora e artesã Lívia Oliveira fez o curso e conta que reconhecer a cor da terra como algo “naturalmente lindo” foi uma das experiências mais marcantes de sua vida. “Eu não imaginava que a nossa terra era tão cheia de cores, muito menos que poderia proporcionar melhorias grandiosas na nossa arte”. “Temos o privilégio de estar no Vale do Jequitinhonha, que é reconhecido pela riqueza da terra para além dos frutos. A terra que tivemos acesso no curso é aquela que embeleza a vida, através do solo”.
Encantada com o resgate cultural proporcionado durante as atividades, a líder comunitária em Caçaratiba, distrito de Turmalina, Maria de Lourdes (Dona Duda) garantiu a vaga logo quando soube do curso. “Eu fui a aluna mais velha e percebi que muitos jovens estavam empolgados e curiosos para aprender. Foi proveitoso e aprendi novas técnicas”, contou a artesã, que reconhece a necessidade de melhoria contínua.
“A formação é importante para o nosso crescimento profissional e para a preservação da cultura, já que estamos resgatando as nossas raízes e utilizando técnicas ancestrais de pintura”, concluiu a produtora orgânica Rosane Godinho, egressa da primeira turma de Agente de Turismo Rural de Turmalina.
A instrutora do Sistema Faemg Senar, Marcela Pagani, considera que a pintura com pigmentos naturais “dá um novo sentido para o uso do solo, já que é mais habitual utilizá-lo na agricultura, por exemplo. Com essas tintas, é possível oferecer mais uma possibilidade de uso deste recurso natural que é gratuito e disponível localmente”.
Solução sustentável
Sem a utilização de componentes tóxicos, a tinta à base de terra também é mais barata e contribui com o meio ambiente, já que muitos produtos químicos são deixados de lado quando o indivíduo busca a alternativa natural. De acordo com Marcela Pagani, uma quantidade de 18 litros da tinta de terra custa aproximadamente R$ 50. “No mercado convencional, é comum encontrar a tinta convencional, com mesmo volume, até 500% mais cara”, conta.