Representantes da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) visitaram o Norte de Minas, onde participaram de reuniões em Bocaiuva, Janaúba e Porteirinha, com apicultores, fruticultores e produtores de queijo e requeijão, respectivamente. O objetivo dos encontros foi acompanhar a evolução dos projetos e da atividade rural regional, de olho em atrair oportunidades de mercados internacionais.
A primeira etapa das visitas ocorreu na Cooperativa de Apicultores do Norte de Minas (Coopemapi), com sede em Bocaiuva. Por lá, Rodrigo Matta, coordenador de Promoção Comercial Internacional da Diretoria de Relações Internacionais da CNA, e Ricardo Abreu, consultor da CNA pelo Projeto Agro.BR, conheceram a estrutura de trabalho, projetos em andamento e experimentaram os diversos produtos que são comercializados.
Por meio da Coopemapi e com a ajuda técnica do Sistema FAEMG e outros parceiros, apicultores de todo o Norte de Minas têm, cada vez mais, os seus trabalhos reconhecidos. Os méis envazados no entreposto do mel da cooperativa já chegaram aos Estados Unidos, Bélgica, Espanha, Portugal, Alemanha, Itália e China.
“Essas visitas são importantes para a gente entender as peculiaridades regionais e as necessidades dos apicultores. Nessa visita, também queríamos entender o atendimento do Programa ATeG e a sinergia que este trabalho pode ter com as ações comerciais do Programa AgroBR”, afirmou o coordenador de Promoção Comercial Internacional da Diretoria de Relações Internacionais da CNA.
Segundo ele, levar conhecimento aos produtores é importante para eles terem a capacidade de preparar os produtos para atender, por exemplo, marcados internacionais. “Toda a parte de certificação e qualidade são muito importantes, e os produtos apícolas precisam contar uma história para o consumidor internacional. Assim os apicultores poderão apresentar o melhor da sua produção, ganhar novos mercados e com isso uma remuneração mais justa”, afirmou.
Apicultura
Criada em 2016 para agregar valor aos produtos regionais, a maioria da agricultura familiar, reunindo associações de várias cidades, a Coopemapi tem sido um modelo de trabalho que prova o valor das parcerias para a efetivação de novos projetos. Para o presidente da Cooperativa, Luciano Fernandes de Souza, a visita foi uma oportunidade para eles verem o que está sendo feito na produção para chegar ao processamento do mel até a comercialização.
“Para isso acontecer, os parceiros são muito importantes. Não adianta incentivar a produção se não tem comercialização, e não adianta incentivar a comercialização se não tem qualidade. Temos vários apicultores cadastrados e um processo certificado no entreposto. Isso fortalece a nossa parceria para fazer os produtos dos apicultores chegarem aos consumidores”.
Associado da Coopemapi, Pedro Victor Thiago Meira já tem seus produtos chegando em mercados alemães. Em cada frasco, a assinatura do apicultor marca a origem do mel, que é produzido na região de Guaraciama. Atuando na cadeia produtiva há sete anos, ele viu a produção crescer nos últimos dois anos e ganhar mais qualidade com o ATeG. Em 2021, foram produzidos cerca de 600 quilos de mel. O apiário dele foi a última parada da equipe da CNA durante a visita aos apicultores.
“A gente vê que o nosso trabalho está dando certo quando vem gente de fora ver e participar, levando nosso nome para outras cidades e países. Esta visita da CNA é uma grande honra. O papel da cooperativa é buscar novos mercados, garantir um produto de mais qualidade e, para isso, a gente trabalha em conjunto. Encerrei agora o ATeG, que me deu mais conhecimento de gestão. Já sabia trabalhar a parte do campo, mas este manejo mais intensivo, troca de cera, as anotações, entre outros, não eram costume”.
Produtos regionais para o mundo
O consultor da CNA, Ricardo Abreu, acompanha de perto o crescimento da produção regional e atua para abrir os mercados mundiais aos produtos brasileiros. Para ele, o Norte de Minas tem grande potencial para o desenvolvimento da apicultura, não apenas pela força de trabalho, mas também pelas floradas especiais. Recentemente, o mel de aroeira recebeu o registro de Indicação Geográfica, na espécie Denominação de Origem.
“Temos floradas típicas do cerrado, como pequi, cipó-uva e aroeira, o que será um grande atrativo ao mercado mundial de mel, tendo em vista a grande vantagem que ele apresenta, com o dobro dos compostos fenólicos em relação ao mel de manuka. Ele ainda não está descoberto pelo mundo, mas em breve estará. A CNA quer mostrar isso para o mundo, essa grande variedade de méis especiais, que não apenas alimentam e nutrem, mas também curam e fazem bem ao ser humano. Pretendemos fazer tudo o que for possível junto a produtores e parceiros, como o Sistema FAEMG, para conseguir projetar os produtos regionais para o mundo inteiro”.
Uma empresa da Bélgica está em fase de negociação para aquisição de méis do Norte de Minas, por meio da Coopemapi. Para que isso ocorra, ajustes estão sendo feitos no entreposto do mel para adequar ainda mais a grande estrutura às exigências dos diversos mercados.
“Temos conseguido parcerias com grandes empresas. Estamos, por exemplo, em um momento importante de negociação com a maior rede de varejo da Bélgica, que tem importado amostras de produtos e já quer fazer as primeiras importações de mel. Essas negociações vão trazer mais desenvolvimento e ganhos para todos os produtores locais”, destacou Ricardo Abreu.
O gerente regional do Sistema FAEMG em Montes Claros, Dirceu Martins, acompanhou as visitas. Para ele, a visita da CNA dá ainda mais força para os produtores rurais seguirem buscando avanços em seus projetos. “Em Bocaiuva, eles ficaram impressionados com o potencial dos méis da região. Estivemos ainda em Janaúba, visitando a Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte) e uma agroindústria, e também em Porteirinha para mostrar as potencialidades locais, especialmente a produção de queijo e requeijão. Tudo isso é importante para eles verem a potencialidade do agro no Norte de Minas e nos ajudar a buscar novos mercados”.