As perspectivas econômicas para 2023 na produção da cana-de-açúcar foram tema de destaque durante reunião da Comissão Técnica da Cana-de-açúcar do Sistema Faemg Senar realizada nesta sexta-feira (24). O encontro ocorreu de maneira híbrida e abordou também aspectos sustentáveis para o setor sucroalcooleiro em Minas Gerais.
De acordo com a analista da Gerência de Agronegócio do Sistema Faemg Senar e integrante da comissão Ana Carolina Gomes o balanço prévio deste ano indica para uma redução nos custos de produção. No ano passado, a inflação reduziu as margens dos produtores de cana, principalmente devido a elevação no custo dos fertilizantes e demais insumos.
O assunto foi abordado durante palestra do consultor e ex-presidente da Comissão Nacional da Cana-de-açúcar da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Ênio Fernandes, durante apresentação aos integrantes da comissão. A exposição, além de tratar de temas diretamente ligados ao setor, passou também por análises da política monetária atual, taxas de câmbio e outros pontos econômicos que se relacionam à produção de cana.
“O mercado está dando alguns sinais de melhorias em alguns pontos, principalmente nos preços dos fertilizantes. Há sinais de que podemos ter uma queda, que já tivemos do final do ano para cá e esse preço tende a ir se reduzindo e normalizando aos poucos”, destacou Ana Carolina.
Conforme a analista, há ainda um cenário de indefinição sobre a cobrança de impostos que incidem sobre combustíveis no Brasil, assunto sem uma definição do governo federal. Desde o ano passado, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que incide sobre o etanol teve as alíquotas reduzidas nos Estados para atendimento a uma Emenda Constitucional.
Contudo, mesmo em meio às indefinições, em uma avaliação a curto prazo, o cenário é positivo, informa a analista. “Com relação ao mercado de açúcar e etanol, ainda não entramos em safra, que vai ter início nos próximos dois meses, mas a perspectiva é de uma melhoria nos mercados”, atesta Gomes.
Presidente da Comissão Técnica de Cana-de-Açúcar do Sistema Faemg Senar, Carlos Márcio Guapo destacou a importância da apresentação para a preparação dos produtores. As informações, reforça Guapo, forneceram conhecimento e orientação para que haja uma preparação correta sobre custos e investimentos.
“É muito importante hoje em dia a gente ter antecipado algumas informações de mercado para que a gente possa se posicionar. Foi uma palestra bem abrangente que mostrou para gente a importância de estar bem-informado para tomar as decisões no nosso negócio”, destacou Carlos, também vice-presidente do Sistema Faemg Senar.
Safra
As projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgadas em dezembro, indicam um crescimento da safra de cana-de-açúcar em 2022-2023. A estimativa é de produção de 598,3 milhões de toneladas, um crescimento de 2,2% sobre a produção da safra 2021/2022. A produtividade está calculada em 72.026 kg por hectare, 3,9% a mais que a obtida na safra anterior.
O levantamento da entidade aponta ainda que o Brasil deverá produzir 36,4 milhões de toneladas de açúcar nesta safra, um acréscimo de 4,1% frente à safra 2021/22. Quanto ao etanol total, está previsto um aumento de 4,2% para o biocombustível em relação à safra passada.
Sustentabilidade
Durante a reunião, os produtores também conheceram a estrutura e funcionalidade do Comitê Consultivo de Sustentabilidade do Agro (CCSAgro). Gerenciado pela equipe da Gerência de Sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, o colegiado é composto por instituições de cadeias produtivas diversas como a cana-de-açúcar, café, suinocultura, dentre outras.
Para a analista Ana Carolina Gomes, a integração do comitê com a comissão é importante, tendo em vista o aspecto sustentável ligado ao setor sucroalcooleiro. “A cana-de-açúcar é uma cadeia que tem a sustentabilidade enraizada. É um produto praticamente 100% aproveitável, produzindo além de alimento, energias, e tem uma política voltada para a sustentabilidade que pode ser exemplo, o Renovabio”, lembrou Ana Carolina Gomes.