Um grupo de produtores rurais, em comitiva junto ao Sindicato dos Produtores de Uberaba, conheceu de perto as inovações e avanços do plantio de cacau em fazendas de fruticultura do Norte de Minas. A região, especialmente as cidades de Jaíba e Janaúba, vem contabilizando crescimento no cultivo do cacau em áreas não tradicionais, com plantios em consórcio com outras frutas, como a banana. O objetivo da visita foi realizar uma troca de experiências para que os produtores do Triângulo Mineiro passem a planejar investimentos no segmento.
“Essa é a terceira visita técnica que a gente faz para conhecer detalhes sobre a cultura do cacau. É importante trazer os produtores para poder conversar sobre as experiências que cada um tem tido, para poder fazer com que a gente erre menos nas nossas incursões”, explicou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, Vinícius Rodrigues.
O grupo de produtores visitou três grandes propriedades de fruticultura que implantaram o cacau nos últimos anos e seguem com experimentos para otimizar processos produtivos e garantir maior presença no mercado internacional. Orientações sobre plantio; podas e manejo; adubação do solo; controle de pragas e a estrutura de operacionalização foram os principais pontos demonstrados aos visitantes.
“Essa missão técnica mostrou a importância que o Norte de Minas tem conquistado na questão da fruticultura e no agro brasileiro. Hoje, como a gente pode ver, nós estamos exportando tecnologia da cultura do cacau em plantio fora de ambientes convencionais para outras regiões do Brasil”, destacou o analista técnico do Sistema Faemg Senar no Norte, José Jhones Matuda.
O produtor Juliano Severino foi um dos visitantes que acompanhou os trabalhos da comitiva. Com experiência em hortaliças e algumas frutas, em menor escala produtiva, ele planeja iniciar o plantio de cacau em Uberaba e acredita que ver de perto projetos que estão dando certo é animador. “Foi importante conhecer um pouco dessas propriedades de cacau aqui do Norte. A gente ouve falar de longe e na nossa região não tem nada de plantação. Aqui já tem uma estrutura grande, bem consolidada, agora com o cacau entrando. A gente está levando uma bagagem rica, para começar já dá uma luz bem interessante, porque visitamos plantações aqui com três anos”, pontuou o produtor.
O gerente regional do Sistema Faemg Senar em Uberaba, Ricardo Tuller, espera que o ciclo de visitas no Norte contribua para o avanço dos projetos no Triângulo Mineiro. “É importante, antes de iniciar a implantação na região de Uberaba que ainda não tem a cultura do cacau instalada, conhecer outros centros produtivos para ver o que está dando certo e o que não deu tão certo. Assim estaremos um passo à frente para evitar possíveis erros”, destacou.
Alternativa e projeção
O Norte de Minas tem destaque na fruticultura nacional, especialmente para a banana. Somente das propriedades rurais do projeto de Irrigação Jaíba saem, semanalmente, 450 caminhões de 12 mil quilos/cada de banana tipo nanica. Porém, os produtores entenderam que era necessário dinamizar os projetos, aproveitando os investimentos e conhecimento já existentes em fruticultura na região e com o objetivo de evitar oscilações produtivas da banana, como ocorreu anos atrás após os impactos do “Mal da Fusariose”, ou Mal do Panamá, um fungo que dizimou vários plantios consolidados de banana. A ideia é que o cacau substitua, gradualmente, parte do plantel destinado à banana nas propriedades.
O produtor João Marcelo, da Fazenda Lajeado, é um destes casos. A propriedade, que recebeu os visitantes do Triângulo Mineiro, atua desde 2015 com fruticultura. Após algumas perdas produtivas com a doença fúngica que afetou a banana, eles passaram a diversificar a estrutura, adotando o cacau há quatro anos como estratégia. Atualmente são 70 hectares de cacau plantados, com a expectativa de ampliar para 115 em 2026. A projeção é colher 180 arrobas de amêndoa do cacau por hectare.
“O cultivo de cacau ou de qualquer cultura nova não é fácil, tem seus desafios. Nós estamos aí com três anos e meio com o plantio do cacau. Estamos constantemente identificando e corrigindo os manejos, com ajustes na muda, poda, nutrição, salinidade, entre outros. É sempre importante a gente abrir portas e mostrar a real dificuldade que nós tivemos, para que estes produtores não passem por aquelas dificuldades, evoluam, façam melhor. A cacauicultura estão todos de mãos dadas, buscando o fortalecimento da produção para conseguirmos chegar na produtividade esperada, na quantidade de áreas plantadas em Minas Gerais, e assim tornar um dos principais players do mercado mundial”, enfatizou João Marcelo.
Agro+Verde
A Fazenda Lajeado é uma das propriedades da região que recebe a assistência do Agro+Verde, projeto realizado pelo Sistema Faemg Senar e Cargill, que prevê incentivo financeiro para os produtores que já têm expertise com a fruticultura e interesse em diversificar. Com o projeto, o produtor recebe um fomento de até R$ 9.500 em mudas por hectare que já estão sendo produzidas em oito viveiros de Ilhéus e Eunápolis, na Bahia, e se compromete a devolver R$ 7.000 em amêndoas em até cinco anos. A meta do projeto é fornecer mudas para o plantio de 2.900 hectares.
