Atividade queijeira vira sustento da família após ajustes na nutrição animal e no “modo de fazer”
“Começamos fazendo entre dois e três queijinhos. Em pouco tempo, passamos para 15, 30. Hoje, nossa produção diária chega a 40”. A fala é da produtora rural Ordênia Gomes, de Felixlândia, a respeito da sua evolução no período de 12 meses, depois que mudou o “modo de fazer” a partir do que aprendeu no curso de Derivados do Leite do Sistema Faemg Senar com o apoio do Sindicato Rural da cidade. “Cresci em meio à arte de ver os queijos sendo formados pelas mãos dos meus pais, queijeiros tradicionais na região, mas foi a capacitação que abriu nossa mente para as novas tecnologias”, revelou.
Caneta e papel na mão e conhecimentos fresquinhos na bagagem: na lista de prioridades para a implementação das melhorias que mudariam o rumo das coisas na Fazenda Estrela Guia, estavam o manejo do pasto e a dieta de qualidade do rebanho. “Jamais passou pela minha cabeça que alimentação e bem-estar das vacas ditam o desempenho da produção leiteira”, comentou.
Por causa de manejo inadequado e falta de comida, todo ano a propriedade perdia cerca de dez animais. “Isso entristece e desanima qualquer produtor”, comentou. Para resolver esse problema recorrente, diminuir outras perdas econômicas, melhorar a qualidade sensorial do queijo e aumentar o valor agregado, foi preciso, então, focar em qualidade e escolher os melhores animais. Cálculo de rendimento, cuidados no armazenamento e embalagem, e logística de transporte foram outras rotinas adotadas.
E deu certo! Atualmente, a produção de leite da propriedade, cerca de 250 litros por dia, abastece a fabricação dos queijos, que passaram de R$15 para R$30 a unidade. Para complementar ainda mais a renda, seguindo as orientações dos instrutores de que diversificar é a chave do negócio, Ordênia retomou sua receita de doce de leite como a mais nova aposta. “É visível o quanto estamos avançando”, comemorou.
Quem um dia já pensou em desistir da atividade, hoje colhe os frutos de um sonho regado à muita persistência e envolvimento dos demais membros da família, como o marido, Luiz Marcos de Castro, e o filho Luiz Miguel Gomes. “Dá trabalho? Dá! Mas a gente gosta do que faz e faz com amor. A melhor parte, além da ‘rapa do tacho’, é claro, é quando o pessoal experimenta pela primeira vez e vem até nós para elogiar o sabor”, brincou Luiz, enquanto mexia o doce.
“As coisas melhoraram 100%, e o que era pra ser só um queijinho, virou o sustento e a esperança da nossa família”, completou a produtora, apontando para mais um sonho em vista: a finalização das obras da pequena agroindústria.