Uma família da cidade de Alfredo Vasconcelos, na região de Barbacena, tem melhorado a qualidade de sua produção após o início do atendimento do grupo de Assistência Técnica e Gerencial para fruticultura, ATeG Morango. Em oito meses de atendimento, foram implementadas melhorias na irrigação e na nutrição das plantas.
A irrigação é feita por meio de gotejamento e, antes do atendimento pelo técnico de campo Humberto Baumgarten, era feita com uma caixa d’água de 1.000 litros. Atualmente, a irrigação foi por uma caixa de 5 mil litros. Além disso, durante o dia, a irrigação era acionada em dois turnos. Durante a manhã, com uma solução nutritiva e, à tarde, apenas com água e, nas duas ocasiões, é usada a solução nutritiva.
“Instalamos um dreno, que retorna o excesso de líquido para a caixa, e isso tem evitado muitos vazamentos e danos ao circuito de irrigação, o que levava a perdas de nutrientes e prejuízos com a manutenção frequente do sistema de irrigação”, contou Humberto.
O dono da propriedade, Francisco Gomes, produz morango há 20 anos. Pouco antes de entrar para a Assistência Técnica e Gerencial, ele implantou o plantio suspenso, o que melhorou o manejo, mas ainda sofria muito com algumas pragas, como o ácaro-rajado. Com a melhoria na nutrição da planta e implantação de agentes biológicos, praticamente erradicou o problema da sua plantação.
“Desde o início do ATeG, mudou muito meu produto, melhorou a nutrição, a adubação e a qualidade. Aqui, produzimos cerca de 20 mil quilos de morango por ano. Antes, não tínhamos nenhum tipo de assessoria, com o Humberto, as coisas ficaram mais tranquilas”, explicou Francisco.
Humberto também conseguiu gerar economia para a família. A adubação antes era com produtos comerciais prontos, que tinham um custo médio de R$ 22,00 para cada 1.000 litros de fertilização e, atualmente, o valor chegou a R$ 10,70, uma redução de 51%.
“Inserimos na propriedade a adubação com nitrato de cálcio, nitrato de potássio, NPK Map e sulfato de magnésio. Ensinei como medir a quantidade necessária de cada produto e apenas com essa otimização, calculamos uma economia anual de cerca de 18 mil reais”, ressaltou Humberto.
Sucesso na plantação e na sucessão familiar
As mudas plantadas na propriedade do Francisco são da espécie de morango Monterrey, uma variedade com alto teor de açúcar e que atinge tamanhos que surpreendem aos olhos. São duas estufas com cerca de 20 mil pés, produzindo quase um quilo cada.
Foi plantando morangos que o Francisco sustentou a família e criou os filhos. Hoje, com 57 anos, viu mudar muita coisa no trabalho rural. Novas tecnologias auxiliam o plantio e a colheita. As preocupações com qualidade de vida de quem trabalha na lida também são outras.
“Com o tempo as coisas ficaram mais tranquilas. Melhorou a mão de obra e o controle de doenças, o manejo e o jeito de trabalhar. Com o plantio suspenso, por exemplo, o peso do corpo, para colhe a fruta, não fica todo nas pernas. Até para conseguir trabalhadores para a colheita é mais fácil. Quem deseja trabalhar no campo, venha, pois é bom demais”, conta Francisco.
Apesar das melhorias na propriedade e da qualidade das plantas, o maior orgulho do Francisco é ter ao lado, na lida diária, o filho Gustavo Henrique, de 23 anos. Após terminar os estudos, Gustavo se arriscou na vida urbana. Arrumou um emprego em Barbacena e não pensava em voltar. Porém, a realidade da vida na cidade o fez ver o valor do que tinha no campo.
“Muitas vezes as pessoas vão cansando da lavoura, mas o campo é um ótimo lugar para trabalhar. A tecnologia hoje já ajuda muito. Muitas vezes, tem-se uma ideia muito pior do que é de fato. Quando vemos a realidade da vida profissional, de trabalhar para outras pessoas, com carteira assinada, vemos que isso aqui (o campo) dá muito mais qualidade de vida. É muito mais tranquilo. Fora o silêncio, a tranquilidade e a paz que o campo te dá para trabalhar”, contou Gustavo.
Além do plantio, Gustavo auxilia na implantação de tecnologias alternativas, que melhoram o manejo das plantas, como na compra de um dispositivo que ele encontrou na internet, que emite uma frequência sonora e diminuiu drasticamente a perda de frutas para pássaros. Ele explica que não pretende mais sair da vida rural.
“Eu voltei para as minhas origens, trabalhei fora, vi o mundo, não tive boas experiências e voltei para me acertar no campo. É muito prazeroso chegar na lavoura e ver a planta com vigor, é a melhor coisa que tem, é igual um filho para você”, diz ele, sorrindo.
O Sistema Faemg Senar oferta o Programa Sucessão no Campo. O objetivo é incentivar a sucessão familiar, a preservação e a continuidade dos negócios das famílias no campo. O produtor que tiver interesse em participar, deve procurar o sindicato rural da sua cidade. Para saber mais, acesse o site e tenha informações sobre o programa.