Diante da prolongada seca que afetou Minas Gerais e impôs grandes desafios à agropecuária, a tecnologia de irrigaçãofoi crucial para manter a produção em diversas regiões. O projeto Jaíba, no Norte de Minas, é um exemplo claro de como a irrigação pode transformar a realidade local, permitindo que, mesmo em condições adversas, a fruticultura conquiste novos mercados internacionais. Graças ao uso inteligente de sistemas de irrigação, a produção de limão na região não apenas mantém sua performance, como também cresce em volume e qualidade, se destacando na balança comercial mineira.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), as exportações de frutas em 2024, até julho, somavam mais de US$ 7 milhões. Considerando sucos e derivados, esse valor ultrapassa os US$ 14 milhões. O limão, principal produto exportado, representa 19% do volume comercializado, com destinos predominantes para a União Europeia e Estados Unidos. Grande parte desse resultado vem do Norte de Minas, que, impulsionado pelos projetos de irrigação como o Jaíba, desponta como polo da fruticultura no estado, com uma produção semanal de 10.800 toneladas de frutas.
Dailton Ferreira, gerente da Brasnica, explica que a empresa exporta cerca de uma tonelada de limão por ano e projeta alcançar 2.500 toneladas. "A irrigação nos permite transformar desafios em vantagens competitivas", afirma.
A gerente de sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, Mariana Ramos, explica que recentemente, com um forte trabalho da instituição, foi sancionada a lei que cria a Política Estadual de Agricultura Irrigada Sustentável, permitindo expandir a área irrigada no semiárido mineiro, aproveitando melhor seu potencial produtivo e garantindo o uso racional da água. "Essa medida traz desenvolvimento e garante a segurança alimentar", explica.
O futuro promissor da fruticultura no Jaíba foi vislumbrado pelo produtor Fernando Rogério Moreno, que é empresário da Mundial Frutas, e, desde 2015, investe na região. Hoje, sua fábrica processa 1.500 caixas de limão por dia, e entre 45% e 50% da produção é destinada ao mercado externo. “Nossa estrutura foi planejada para crescer, e estamos apenas utilizando 50% da capacidade do packing house. Em breve, esperamos ampliar nossa produtividade para entre 3 e 5 mil caixas de frutas por dia”, afirma Fernando.
A empresa planeja expandir sua área de plantio para 700 hectares nos próximos anos, com 140 hectares de produção própria até 2025. Com uma infraestrutura de qualidade e certificações que atendem às rigorosas exigências do mercado europeu.