Propriedade onde vivem tornou-se exemplo para produção de queijos artesanais premiados
No belo cenário rural da cidade de Lima Duarte, na Zona da Mata, uma história de mudança de vida vem ganhando destaque. Há alguns anos, o casal Maria Elisa de Almeida e Jorge Luiz Coutinho resolveu abandonar o burburinho das metrópoles em busca de dias mais próximos à natureza. Após uma vida inteira na cidade do Rio de Janeiro, os dois se aposentaram e decidiram provar que é possível deixar a agitação da cidade e levar uma vida mais tranquila no interior de Minas.
“Procuramos por mais de um ano um lugar que nos agradasse e agora estamos completando nove anos vivendo aqui”, contou Maria Elisa. “A gente nunca tinha vivido no campo, mas viemos com a cara e a coragem. Achei que ia descansar, mas compramos gado, começamos a fazer queijo e abrimos a pousada”, completou Jorge. A história do casal, inclusive, extrapolou as fronteiras de Minas e foi tema de uma reportagem no programa É De Casa, da TV Globo.
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Situada entre as colinas da serra do Ibitipoca e do morro do Pão de Angu, a propriedade escolhida pelo casal tornou-se não apenas um lar, mas um empreendimento de sucesso. Desde 2020 eles vêm investindo na produção de queijos artesanais. “Eu não sabia nada de queijo, só de comer”, diverte-se Maria Elisa. Mas a pequena produção vem ganhando destaque em concursos. Foram duas medalhas (prata e ouro) na Expo Queijo de Araxá em 2021 e, este mês, a medalha Super Ouro no Concurso Mundial de Queijos, realizado em São Paulo, com um produto novo: o requeijão em barra.
“Eu tinha um problema com queijos fora do meu padrão de qualidade quando estavam menores, ou rachados, daí o que fazer? E então foi proposto eu fazer um teste com meu queijo fazendo esse requeijão, que fica com um sabor diferenciado, pois é o meu queijo fundido”, explicou Maria Elisa. O produto é feito após 22 dias de maturação do queijo, o que rende um sabor intenso.
Este sucesso vem chamando a atenção não apenas entre os produtores. Jornalistas de todo o país vão até a propriedade para entender o segredo do que é produzido no local. Recentemente foram diversas reportagens gravadas no sítio Primavera, dentre elas, duas realizadas para grandes programas de repercussão nacional, como o Globo Rural o programa É de Casa, da rede Globo, que exibiu uma matéria de 25 minutos com o casal. “Eu sou tímida, mas adoro receber jornalistas. Até porque eu acho que isso também faz parte da minha função. O queijo e o turismo são duas coisas inseparáveis para mim e eu acredito que assim contribuo com o desenvolvimento daqui”, afirmou Maria Elisa.
Além dos produtos lácteos, outra fonte de renda da propriedade são as hospedagens que, além de ajudar na manutenção do local, servem também para o escoamento da produção de queijos. “Percebemos que grande parte das pessoas que se hospedam querem saber como é possível essa saída de um grande centro para morar na roça”, conta Jorge. “Alguns ficam tão encantados que saem daqui me deixando a missão de achar um pedaço de terra assim para eles”, completou.
Mudança com apoio da escola do campo
Após uma vida inteira vivendo em uma metrópole, o campo apresentou alguns desafios para o casal. “Eu não tenho vergonha de dizer que não sabia de nada. Tudo que aprendi sobre a vida no campo foi depois que vim para cá e, a isso, devo agradecer muito ao Sistema Faemg Senar, que nos deu apoio em todos os momentos”, disse Maria Elisa.
Fizeram curso de roçadeira, fossa, manejo animal e muitos outros. “Um dos primeiros cursos foi de cria e recria de bezerras. Depois de derivados de leite, queijos especiais. Eles participaram do programa Agente de Turismo Rural, e vários outros cursos que vem de demandas deles”, relatou Lília Ramos, agente de desenvolvimento rural do Sindicato Rural de Lima Duarte. Ela também conta que o espaço do sítio costuma ser usado nas aulas. “Nós nos associamos nessa parceria, trazemos novos alunos para cá com quem eles compartilham o aprendizado. Na próxima semana vamos fazer um de Boas Práticas de Fabricação [BPF] aqui, baseado nessa necessidade de renovação do conhecimento deles para manter sempre as boas práticas”, contou Lília.
O presidente do Sindicato Rural de Lima Duarte, Olivier de Paula Campos, afirmou que o empenho do casal em se profissionalizar é um estímulo para a instituição. “Logo que chegaram na cidade eles procuraram o sindicato e nós atendemos prontamente suas necessidades. É prazeroso para a entidade que pessoas assim estejam empenhadas em fazer um bom trabalho”, afirmou Olivier.
Atualmente, a propriedade do casal é um exemplo de eficiência e tratamento animal. Com bezerros criados ao pé, ordenha manual e método totalmente artesanal de produção de queijos, o sítio é autossustentável economicamente e quase não gera resíduos. Além disso, os animais e os produtos possuem certificações sanitárias que atestam a qualidade do que é feito no Sítio Primavera.
“Temos certificado de propriedade livre de brucelose e tuberculose. Todos os meus queijos têm certificações. Eu não tenho nem coragem de vender algo que não tenha certificado. Na próxima semana vou fazer novamente o curso de boas práticas de fabricação para me manter atualizada, afinal, boas práticas e tradição também andam juntas”, finalizou Maria Elisa.
Serviço:
O sítio Primavera fica na estrada Pão de Angu, sem número, na zona rural entre Lima Duarte e Olaria. Interessados em conhecer o lugar ou comprar os produtos podem entrar em contato através dos números (21) 99997-8383 e (32) 98480-4507.