Já deu para notar, pelo título dessa reportagem, que lá vem um bom caso de sucesso, certo!? Pois essa história, do produtor Rafael Lopo Moreira, da cidade de Manga, tinha muito para não ter dado tão certo assim. Assumindo a gestão da fazenda do pai há pouco mais de cinco anos, ele já chegou mudando a atividade, da pecuária de corte para a bovinocultura de leite, sem nunca ter tirado leite na vida.
“Meu pai tinha criação de Nelore para venda. Porém, com o passar dos anos, a idade chegou e ele começou a reduzir um pouco a rotina de trabalho. Foi quando retornei para a cidade e, em seguida, a partir de 2019, passamos a investir no leite. No início a família teve certa resistência. Lembro do meu pai achando estranho quando via ‘essas vacas pretas no pasto’, como ele dizia. Mas, no fim, ele comprou a ideia”, lembra Rafael.
Levantando os números do balanço dos últimos 12 meses, quando ele passou a receber o Programa de Assistência Técnica e Gerencial - ATeG, através do Agronordeste ll, o produtor conseguiu pagar a mão de obra e a depreciação – em resumo, a condição de manter fluxo mesmo com a redução do valor de algum bem - e ainda sobraram R$ 36.600 de margem líquida. O lucro na atividade é de R$ 9.723 / ano, o que antes estava longe de acontecer.
“Abri mão das possibilidades lá fora porque acredito em construir algo meu. Não queria só participar do filme dos outros, mas fazer a minha história. Alguns meses atrás, eu estava com gastos altos, alimentando os animais sem ter retorno. Estava tão inviável, que eu me via mais perto de sair para trabalhar fora, o que cheguei a cogitar em vários momentos. Mas preferi insistir na roça e já estou vendo os resultados”, conta Rafael, com orgulho.
Mudanças necessárias
Formado em engenharia de produção, o hoje produtor rural Rafael Lopo não tinha tanta prática nos negócios da fazenda. Foi preciso estudo e dedicação para os resultados chegarem. Ele adotou vários novos formatos de trabalho, entre eles, o uso de ração concentrada; efetivação de um protocolo para acompanhar cada animal; recria dos bezerros e novilhas; adubação e irrigação da área de pastagem; além do controle de corte do plantio do alimento ofertado ao rebanho.
Da média de 20 litros de leite, ele chegou agora aos 170 litros / dia. “Os ajustes estão dando resultados, tudo assertivo. O técnico de campo indicou, eu fiz”, resume Rafael.
São 17 animais em lactação, com a possibilidade de crescer mais nos próximos anos, quando ele vai passar a trabalhar com melhoramento genético e ampliação da silagem. “Das primeiras visitas na fazenda, o produtor me relatou que estava decidido a sair da atividade, porque a renda dele não estava sendo suficiente. Quando ele começou a ver as melhorias e a colher os resultados, decidiu investir um pouco mais, ganhou ânimo”, pontua o técnico de campo Carlos César Rodrigues dos Santos.
O gerente regional do Sistema Faemg Senar em Montes Claros, Dirceu Martins, lembra que o produtor rural do Norte de Minas cada vez mais tem buscado se capacitar, olhando estrategicamente para seu empreendimento. “É de grande importância que o produtor tenha em mente que a propriedade rural é uma empresa, e só com gestão para a atividade torna-se rentável”, finaliza.