Objetivo foi ouvir os cafeicultores e criar prioridades para socorrer o setor gravemente afetado pela chuva de granizo
Uma reunião de emergência foi realizada na manhã desta sexta-feira (11/11), no Sindicato Rural de Alfenas, para tratar dos impactos causados pela chuva de granizo que atingiu o Sul e Sudoeste de Minas Gerais na última terça-feira (8/11). A reunião foi convocada pela Frente Parlamentar do Café, presidida pelo deputado federal Emidinho Madeira, e pelo Consórcio Público para o Desenvolvimento do Café no Sul e Sudoeste de Minas (Concafé). O Sistema Faemg Senar foi representado pelo assessor jurídico, Francisco Simões, pelo superintendente de Relações Institucionais, Altino Rodrigues, e pelo presidente da Comissão Técnica de Café, Arnaldo Bottrel Reis. Também participaram da reunião o presidente da Emater-MG, Otávio Costa, José Edgar Pinto Paiva, representando a CNA e Procafé, presidentes de sindicatos, cooperativas, prefeitos, produtores rurais e órgãos do setor.
O objetivo foi ouvir os cafeicultores e criar prioridades para socorrer o setor gravemente afetado pela chuva de granizo e que já sofre por outros impactos climáticos, como a seca prolongada e a geada, dos últimos anos. Neste primeiro momento, um levantamento está sendo realizado pelos órgãos do setor para identificar com precisão o grau do impacto e as regiões mais afetadas.
Levantamentos iniciais, conforme relato de produtores presentes no evento e de técnicos, apontam áreas onde os produtores perderam tudo e outras em que será possível a recuperação. Os temas mais discutidos na reunião foram a necessidade do laudo técnico das áreas atingidas, seguro rural e taxa de juros. Uma nova reunião foi agendada para o próximo dia 17 na Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte, onde temas específicos serão debatidos. Segundo Emidinho Madeira depois da primeira reunião outras serão realizadas para tratar separadamente as taxas de juros e seguros.
Francisco Simões destacou o trabalho do Sistema Faemg Senar junto à Emater, no dia seguinte as chuvas, para levantamento da área total atingida na busca de soluções para os produtores. “Estamos à disposição dos produtores rurais. Não poupem os sindicatos rurais em busca de suas reivindicações. Ele é a casa do produtor rural no município e a Faemg a casa estadual do produtor. Onde não tiver sindicato, procure o escritório regional do Sistema Faemg Senar”. O assessor também enfatizou a importância dos decretos de situação de emergência ou de calamidade pública pelas prefeituras, dependendo do grau de intensidade das chuvas no município, para a adoção de políticas públicas e os laudos técnicos das áreas, para pleitear a cobertura de seguros e negociações.
A presidente do Sindicato Rural de Alfenas, Elvira Terra, colocou o Sindicato à disposição e destacou o desespero do produtor nesse momento. Ela perdeu boa parte da sua lavoura. “Temos que trabalhar para trazer soluções conjuntas de órgãos ligados ao setor e acalmar o produtor nesse momento. Precisamos de soluções o mais rápido possível”.
O presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues Melo, destaca que embora o momento seja chocante, é importante ter cautela. “O primeiro passo é o laudo técnico das áreas atingidas. Também é importante lembrar que o produtor não deve mexer nas lavouras imediatamente, tem que ter calma e acompanhamento técnico. O produtor está desesperado, mas não se torture, cabe a nós, lideranças, acharmos caminhos para sairmos dessa situação. Vamos fazer um alinhamento entre as entidades para tratarmos das políticas públicas que sejam eficientes para o produtor”.
Relatos
O produtor João Messias de Lima, de Poço Fundo, teve 27 hectares de lavoura impactadas com a chuva de granizo em escala de muita intensidade e média intensidade. Embora tenha seguro da lavoura, ele destaca o alto custo da produção e as dificuldades dos últimos anos como a seca, geada e a chuva em 2022. “O produtor fica sem caminho”, lamenta.
Sua produção teve queda de 40% na safra deste ano, e na próxima safra ele nem imagina como será. João Lima destaca que o importante nesse momento seria o apoio do governo para que o produtor possa fazer seguro das lavouras, o que ainda é difícil para a maioria.
A produtora Marilda Aparecida Lopes da Silva, de Alfenas, registrou perda parcial da sua lavoura de café e lavoura de milho. Acredita que para a próxima safra terá 50% a menos na produção. Ela não tem seguro da lavoura e têm maquinários financiados. Marilda foi à reunião em busca de soluções para os juros dos financiamentos. Para ela, os juros deveriam ser isentados para que o produtor tenha condições de pagar as dívidas. Uma série de sugestões foram anotadas durante a reunião, como a simplificação na contratação de seguros, melhoria na política dos seguros e redução da taxa de juros.