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Do Cerrado para o mundo

ENTREVISTA
ESCRITO POR SHEILA MARQUES, DE PATOS DE MINAS
28/01/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, FAEMG

 A Fazenda Londrina, localizada em Monte Carmelo, região do Alto Paranaíba, é palco de uma história que une tradição, inovação e amor pela cafeicultura. Tudo começou nos anos 1980, quando Mário Jordão, pai de César Jordão, descobriu o potencial do Cerrado Mineiro. “Com a geada de 1975, no Paraná, ouvimos falar do sucesso das lavouras no Cerrado. Em 1981, meu pai comprou uma propriedade aqui, e desde então estamos no café”, conta César, de 56 anos.

O engenheiro agrônomo assumiu a fazenda em 1994, investindo em tecnologia e qualidade. Hoje, a fazenda conta com 1.400 hectares dedicados à cafeicultura.  A produtividade média no biênio é de 40 sacas por hectare, e mais de 80% da produção é exportada por meio das cooperativas Cooxupé e Monteccer.

Ao lado da esposa Luciene Jordão e da filha Mariana Jordão, César lidera uma produção sustentável e reconhecida internacionalmente. Mais do que produzir café, César busca perpetuar um legado: um modelo de gestão sustentável que serve de inspiração para produtores de todo o Brasil. Na entrevista ao Jornal em Campo, ele compartilha como o Cerrado se tornou referência mundial em cafeicultura e como sua paixão pelo campo ajuda a moldar nosso o futuro.

 

Ao lado da esposa Luciene Jordão e da filha Mariana Jordão, César lidera uma produção sustentável e reconhecida internacionalmente

César, como começou a história da sua família com o café no Cerrado Mineiro? 

Nos anos 1980, meu pai ouviu falar de uma região promissora para o cultivo de café: o Cerrado Mineiro. Ele e alguns amigos vieram do Paraná para conhecer as terras e se encantaram com o potencial daqui. Em 1981, adquirimos nossa primeira propriedade. Meu pai permaneceu no Paraná, mas eu, depois de me formar em agronomia, decidi investir de vez na região e vim para Monte Carmelo em 1994.

Implantar café em uma região deve ter sido um grande desafio. Como vocês superaram isso? 

No início, muitos viam o Cerrado como uma região inviável para a cafeicultura. O solo era ácido e carente de nutrientes, mas com o uso de calcário e fósforo conseguimos corrigir isso. Além disso, a irrigação de gotejamento foi essencial para otimizar a água e garantir alta produtividade. Hoje, o Cerrado é um exemplo de como a inovação pode transformar uma região.

O que vocês implementaram para tornar a Fazenda Londrina uma referência em inovação? 

Acredito que a pesquisa é um dos nossos grandes diferenciais. Criamos um centro de pesquisa na fazenda, onde testamos novos métodos de manejo, adubação, defensivos biológicos e manejo hídricos. Além disso, conquistamos a certificação Rainforest Alliance, que reforça nosso compromisso com práticas sustentáveis e responsabilidade social.

 

Plantações sustentáveis de café na Fazenda Londrina, em Monte Carmelo, MG

O Sistema FAEMG SENAR tem impacto na sua jornada como produtor? 

Sem dúvida. O Sistema FAEMG SENAR é um parceiro essencial. Eles nos oferecem cursos para capacitar nossos colaboradores e também alcançam a comunidade ao redor da fazenda. Cursos de segurança no trabalho, primeiros socorros e operação de tratores, por exemplo, têm transformado não apenas a gestão, mas também a vida de todos os envolvidos no trabalho.

Sustentabilidade tem sido uma palavra de ordem no agro. Como isso está presente na Fazenda Londrina? 

Aqui, tratamos a sustentabilidade como prioridade. Trabalhamos com manejo regenerativo, mantemos reservas ambientais intactas e usamos irrigação de gotejamento, que reduz em até 50% o uso de água. Recentemente, aderimos ao programa de café carbono neutro, o que tem atraído novos mercados e ajudado a exportar nossos grãos com valor agregado.

Você mencionou a importância da sucessão familiar. Como você enxerga esse tema no agro?

A sucessão é um desafio, mas também uma oportunidade. Eu fico feliz em ver minha filha Mariana, que é engenheira agrônoma, trabalhando comigo na fazenda. A nova geração traz um olhar renovado, com mais conhecimento e vontade de inovar. Essa continuidade é fundamental para o sucesso do agro.

A participação feminina tem crescido no agro. Como isso se reflete na sua experiência? 

Na minha família, as mulheres têm um papel essencial. Minha esposa Luciene e minha filha Mariana contribuem tanto na gestão quanto na parte operacional. Além disso, vejo cada vez mais mulheres assumindo funções importantes, o que agrega muito ao setor. Essa diversidade traz um dinamismo que melhora a produtividade e fortalece o ambiente rural.

Produzir café é mais do que um negócio. O que significa para você? 

Produzir café é perpetuar uma paixão que vem de gerações. Saber que estamos colocando na mesa de tantas pessoas um produto de qualidade é uma satisfação enorme. O café do Cerrado Mineiro é reconhecido mundialmente, e fazer parte disso é algo que me enche de orgulho e motivação para continuar inovando.

Assista o vídeo completo no nosso YouTube: https://youtu.be/70Gv2DaTBeo