Caravanas de todo o estado começaram a chegar ainda de madrugada no Expominas, em Belo Horizonte, trazendo produtores preocupados com a situação difícil de pecuária leiteira no Brasil. Todos vieram para fortalecer o Minas Grita pelo Leite!, movimento organizado pela Faemg, CNA, Sindicatos e parceiros para o qual são esperadas cerca de cinco mil pessoas.
De Divisópolis, Ilana Caetano dos Reis e o marido passaram por mais de 10 horas de viagem de ônibus junto com outros produtores para participar do evento. “Acho que o tamanho do nosso esforço mostra a gravidade da nossa situação. Estamos aqui em busca de melhorias para essa questão que não está fácil, está muito difícil na nossa região”, contou.
Um grupo de 52 pessoas do Sul de Minas que tem propriedades no entorno de Passos está esperançoso com os resultados do movimento. Rubens de Melo Vaz produz leite há mais de 20 anos e trabalha em uma associação de pecuaristas. Ele reforça que todos estão focados “em buscar ferramentas para mudar a realidade do setor. Essa quantidade altíssima de importação de leite está incomodando, viemos mostrar que o setor não está bem com isso”.
Elder Maia Reis, presidente do Sindicato Rural de Passos, era integrante do grupo. “Estão todos muito animados e com muita expectativa para o evento, mas também muito apreensivos com a situação do leite. O produtor veio aqui numa segunda-feira, estão todos empenhados. O dia a dia está difícil, o produtor está sofrendo, essa situação precisa ser mudada”, comentou.
O Sindicato dos Produtores Rurais de Ipatinga adesivou o ônibus que trouxe seu grupo com frases de efeito sobre a causa do produtor de leite. Adauto Valamiel, presidente da entidade, disse que a expectativa é que haja bastante pessoas no evento para pressionar. “Vamos reivindicar trabalho. Precisamos estar mobilizados e unidos para obter êxito. A região do Vale do Aço está passando por dificuldade como todo o país, o produtor está desanimado e vendendo suas vacas, porque a situação hoje infelizmente é muito ruim. Da forma que vai, o Brasil vai ficar sem produtores de leite”, lamentou.
A pecuarista Christian Kelly Ferrari, de Governador Valadares, relata que a região precisa muito de auxílio para a situação ficar sustentável. Na fazenda eles ainda conseguem manter dois vaqueiros e um bom manejo dos animais, mas ressalta que, apesar de muito trabalho diariamente, o valor do leite está só caindo. “Não podemos nos separar agora, porque o agro é que carrega o país, o agro é tudo”, concluiu.
O vice-presidente de Finanças da Faemg, Renato Laguardia, agradeceu o esforço de todos que saíram de suas propriedades ainda na noite anterior para apoiar o evento. “O espaço está lotado. Tenho certeza de que será um sucesso e o produtor sairá daqui com um novo olhar, com uma nova esperança para a situação”, afirmou.