Evento em São João Nepomuceno teve como foco a profissionalização do agro na região
A regional de Juiz de Fora encerra 2023 com 11 dias de campo realizados. O último foi organizado pelo Sindicato Rural de São João Nepomuceno para cerca de 200 pessoas. “Para nós é gratificante realizar o Dia de Campo em uma propriedade modelo, com bons índices. Estamos querendo cada vez mais profissionalizar nossos eventos e nossos produtores, por isso trouxemos profissionais qualificados para tirar dúvidas”, contou João Augusto Cavalheiro, presidente Sindicato Rural de São João Nepomuceno.
O gerente regional do Sistema Faemg Senar, Emerson Simão, disse que este evento marca a relevância da atual gestão à frente do sindicato rural. “Ficamos muito satisfeitos em ver tantos presentes, é um sindicato muito atuante, com uma diretoria nova que vem realizando um excelente trabalho com os produtores rurais”, afirmou.
A programação contou com café da manhã, almoço com churrasco e distribuição de brindes, além de três palestras:
- Eficiência produtiva em bovinos de leite e corte, com Lucas Barbosa, médico veterinário;
- Aposentadoria rural, planejamento patrimonial e sucessório: ‘holding rural’, com o advogado e procurador do município de São João Nepomuceno, Michel Alves de Souza;
- Nutrição de precisão, com Antenor Novarino, zootecnista da Guabi.
O presidente do Sindicato Rural de Rio Pomba, José Alfredo Quintão, e o prefeito da cidade, Ernandes José da Silva, também prestigiaram as atividades.
Modelo de gestão e inovação
Esse foi o segundo dia de campo realizado na propriedade, o Sítio Boa Sorte. Michel Ferraz, sucessor do pai no negócio, é produtor de leite e de genética animal com a criação de bezerras girolando. De 2022 para cá já foi possível notar melhorias na propriedade, como a reforma do curral e a construção de um rancho destinado a dar conforto térmico para os animais. Foi neste local, inclusive, que o evento foi realizado.
“As pessoas se preocupam muito com o que está fora do nosso controle. Devemos trabalhar para controlar o que está dentro da propriedade, onde temos como decidir os rumos. É preciso organizar, ter gestão, anotar, que seja em um papel, um caderno”, aconselhou Michel Ferraz.
O sítio Boa Sorte é uma das propriedades atendidas pela assistência técnica e gerencial do Sistema Faemg Senar - ATeG Inclusão Produtiva, realizado na cidade. A técnica de campo Ana Carolina de Sales diz que tem sorte, pois encontrou um grupo de produtores dispostos a fazer mudanças para se profissionalizar.
“Um grupo grande de produtores novos, pessoas que estão na sucessão familiar e estão trabalhando para melhorar de vida. O Michel é um cara fora da curva, tem um grande potencial, que consegue muito resultado em pouco espaço. É importante essa troca de conhecimento entre produtores, onde um acaba levando informação para os outros”, avaliou Ana Carolina.
Você sabe o que é uma ‘holding rural’?
O advogado e procurador do município de São João Nepomuceno, Michel Alves Souza, explicou em sua palestra que o processo de regularização de um espólio, além de demorado, pode ser muito custoso para os familiares. “A taxa de impostos sobre heranças é altíssima, o que acaba dilapidando o patrimônio de toda uma vida”, comentou Michel.
Uma solução apresentada foi a ‘holding rural’, uma pessoa jurídica que administra todos os bens daquela propriedade e, após o falecimento do produtor rural, mantêm os bens, sendo transferida para seus sucessores de maneira mais fácil e menos custosa. “É melhor manter os bens em um CNPJ, assim, ele fica resguardado de problemas que possam ocorrer com o CPF, sejam dívidas, questões legais ou até mesmo a morte da pessoa”, disse o advogado em sua apresentação.
Porém, não é apenas em questão de sucessão que a holding pode ser útil aos produtores rurais. Com ela, é possível ter uma carga tributária diferente e melhorar a gestão dos negócios rurais, possibilitando o aumento dos lucros. Luiz Henrique Dias, produtor de leite, achou interessante a ideia. “Foi a primeira vez que ouvi falar. Ninguém gosta de pensar na morte, mas a gente tem família, tem filhos e não queremos que nosso patrimônio seja depredado. É preciso pensar em vida no que fazer para quando não estivermos aqui”, ponderou.