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INTEMPÉRIES CLIMÁTICAS
ESCRITO POR NATHALIE GUIMARÃES, ASCOM
17/11/2022 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, INAES, FAEMG

Apresentar desafios e discutir soluções para simplificar o seguro rural e reduzir juros para os cafeicultores afetados por intempéries climáticas nos últimos anos. Esse foi o tema de uma reunião com representantes do Sistema Faemg Senar; Sindicatos de Produtores Rurais; CNA; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa); Emater; Fundação Procafé, cooperativas de café; Conab; comissões técnicas de cafeicultura estadual e nacional; Banco do Brasil; deputados; prefeitos e cafeicultores. O encontro foi nesta quinta-feira (17/11), durante a Semana Internacional do Café (SIC), que também sediou a reunião da Comissão Nacional de Cafeicultura da CNA.

O encontro ocorreu a pedido do deputado federal Emidinho Madeira, presidente da Frente Parlamentar do Café. A discussão é uma continuação do trabalho iniciado em Alfenas há cerca de uma semana, quando foi convocada uma reunião de emergência para tratar dos impactos causados pela chuva de granizo no Sul e Sudoeste de Minas Gerais. 

O cafeicultor está descapitalizado e foram três anos de geada, seca e chuva de granizo. Ao longo da reunião desta quinta-feira, os participantes compartilharam experiências e desafios, propuseram soluções e ouviram o que as instituições representantes do agro têm feito para amenizar os problemas e resolver questões relacionadas a crédito e seguro rural. Para Emidinho Madeira, houve avanços desde o encontro em Alfenas, e o próximo passo será uma reunião com o Banco do Brasil, prevista para 22 de novembro.

“O pedido que o nosso gabinete enviou para o Banco do Brasil foi atendido, que é um recurso novo que vai atender 80% dos cafeicultores, com juros de 6% ao ano, com três anos de carência e mais sete anos para pagar. Agora, vamos buscar com o Banco do Brasil o retorno ao teto de R$ 200 mil, que vai atender o pequeno produtor que possui financiamento pelo Pronaf. Além disso, estamos buscando formas para atender ao médio produtor também com três anos de carência e sete anos para pagar. Queremos, ainda, um seguro simplificado”, detalhou o deputado federal. Além do parlamentar, participaram da reunião o deputado estadual Antônio Carlos Arantes e o deputado federal Evair de Melo.

Para o vice-presidente de Finanças do Sistema Faemg Senar, Renato Laguardia, a união é a chave para encontrar um caminho que beneficie o cafeicultor. “É muito importante estarmos todos nós, representantes dos produtores rurais, nos reunindo aqui para conversar e discutir ações conjuntas, como fizemos com o Governo de Minas dias após a chuva de granizo que afetou principalmente a região Sul. Precisamos permanecer unidos para encontrar uma alternativa para que o produtor tenha condições de continuar com sua atividade rural”.

Com relação ao seguro, o presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Varginha e presidente da Comissão Técnica de Cafeicultura do Sistema Faemg Senar, Arnaldo Botrel, destacou a questão como urgente. “Inclusive temos como exemplo o modelo de seguro utilizado pela Cooperativa Mista Agropecuária de Paraguaçu (COOMAP)”, completou.

O gerente de Agronegócios do Banco do Brasil em Minas Gerais, Bruno Gonçalves, apresentou possibilidades de crédito rural e de seguro; ouviu as realidades dos produtores e representantes de cooperativas presentes e informou também que já está valendo a renegociação das dívidas, por meio da solicitação da prorrogação mediante apresentação de laudo.

O presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de Campos Gerais e Campo do Meio (Coopercam), José Márcio Rocha, elogiou a união das instituições em prol de soluções para os cafeicultores. “Estamos no terceiro ano sem receita na cafeicultura e enfrentamos um quadro de extrema dificuldade. Mas saio daqui com boas notícias para os cooperados, a maioria de pequenos produtores, porque ver todos aqui reunidos mostra a importância do agro no Brasil. A união poderá vencer esses obstáculos”.

O superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, representante do Mapa, reafirmou o apoio à classe. “O Mapa está atento às demandas e nos esforçamos para conseguir atendê-las. Estamos juntos”, afirmou.

O Sistema Faemg Senar, por meio da advogada Helena Carneiro, reforçou a necessidade de agir, rapidamente, pelo crédito emergencial. E o diretor técnico adjunto da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Maciel Silva, também destacou pontos que devem ser observados, como taxa de juros, desenvolvimento de novos produtos pelas seguradoras e divulgação das informações para elaboração de laudo.

Levantamento de prejuízos

O Sistema Faemg Senar fez levantamento junto a 1.415 produtores rurais assistidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em 154 municípios atingidos por intempéries climáticas em Minas Gerais nos dias 7 e 8 de novembro. Os dados apontam que 37% dos entrevistados relataram perdas, seja da lavoura, seja da produção, por conta de chuva, granizo, ventania e geada.

A principal cultura afetada foi a cafeicultura, mas outras também sofreram danos, como milho, soja, bovinocultura de leite e de corte e fruticultura. A principal região atingida foi o Sul de Minas. Em termos financeiros, estima-se um prejuízo total de R$ 47 milhões, o que representa uma média de R$ 90 mil por produtor. Dos entrevistados, apenas 11% têm seguro agrícola.

Segundo a Emater, foram impactados mais de 51 mil hectares, sendo que mais de 26 mil hectares são apenas de café. Um dos produtores que amargam prejuízos é Henrique de Oliveira, de Poço Fundo. “Tive uma área de cinco hectares que foi 100% atingida.  Eu e todos os produtores lá da região precisamos de ajuda para socorrer as nossas lavouras e torná-las novamente produtivas. Fiz o que foi possível, mas não tenho recurso para fazer mais”, contou.

Comissão Nacional de Cafeicultura

À tarde, a Comissão Nacional de Cafeicultura da CNA reuniu-se na SIC. Os principais pontos da pauta foram a operacionalização de medidas de enfrentamento aos problemas climáticos, a difusão do Seguro Rural na cafeicultura, a importância de elaborar novos modelos de seguro, específicos para cada realidade, e as conquistas da Comissão.

Além disso, o integrante da comissão nacional do café e técnico de campo do Programa ATeG em Rondônia, Darlan Alves, apresentou os impactos do programa para as famílias atendidas no Norte do país. Esta é a primeira vez que ele participa do evento. “É uma feira gigantesca que valoriza o setor e os cafeicultores, uma oportunidade única que ajuda a agregar mais valor aos nossos produtos”.

O presidente da comissão nacional, José Edgar Pinto Paiva, destacou que é preciso que o cafeicultor mude a sua postura. “O dia foi positivo ao possibilitar a união de todos os segmentos para falarmos a mesma linguagem em defesa da cafeicultura”, completou.

A união também foi elencada pelo presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo, que disse que a instituição está atenta a todas as questões que envolvem o setor cafeeiro. “Acredito no nosso setor, nas Minas Gerais e na resiliência dos produtores rurais. Mas queria deixar uma mensagem: precisamos aprimorar a nossa postura e romper arestas do passado, pavimentando novas estratégias para continuarmos sendo a potência que somos. Com inovação, tecnologia e muito trabalho, vamos avançar”.