Em uma iniciativa pioneira, o Sistema Faemg Senar lançou um programa de habilitação sanitária que está mudando a vida dos apicultores no Sul de Minas. Por meio do projeto, dois produtores das cidades de Varginha e Carmo da Cachoeira receberam assistência para regularizar suas agroindústrias, garantindo segurança alimentar e abrindo novas oportunidades de mercado.
O resultado do projeto piloto foi um sucesso. Em Carmo da Cachoeira, o produtor José Donizete Lima viu o sonho se tornar realidade. Após a visita técnica da especialista Drielly Marcondes e a elaboração de um layout aprovado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), ele obteve autorização e já está construindo sua unidade de beneficiamento de produtos derivados da abelha, como mel, própolis e extrato de própolis.
“Desde criança, sempre tive vontade de trabalhar com abelhas, e foi isso que me levou a iniciar na apicultura. Com o apoio do Sistema Faemg Senar e do Sindicato Rural de Carmo da Cachoeira, dei os primeiros passos. Agora, estamos prestes a inaugurar nossa unidade de beneficiamento de produtos das abelhas, totalmente regularizada, graças a Deus. Este projeto tem um significado especial para minha família. Meus filhos e netos mostraram grande interesse na apicultura e, a aprovação do projeto, contribuiu para o desejo deles de permanecer nesta atividade. Com a regularização, já temos até compradores interessados, o que nos permite sonhar com um aumento significativo na comercialização dos nossos produtos”, contou José Donizete.
Por outro lado, em Varginha, o resultado também é positivo: a produtora Renata já está no processo de finalização de seu projeto. A apicultora aguarda a aprovação final do IMA, que já sinalizou com um parecer favorável, para começar a construção de sua agroindústria, também focada na produção de mel e própolis.
O gerente regional do Sistema Faemg Senar em Varginha, Caio Oliveira, destaca que essa consultoria de regularização sanitária tem grande importância para que o produtor consiga estar em conformidade com as normas sanitárias. O procedimento, garante, valoriza o produto e gera segurança ao consumidor.
“A atividade de apicultura está se tornando cada vez mais profissional devido às crescentes exigências legais e de mercado. O Sistema Faemg Senar, por meio do Programa de ATeG, está fornecendo orientações e direcionamentos essenciais aos produtores para prepará-los adequadamente para enfrentar esses desafios. A regularização e capacitação adequadas são fundamentais para que os produtores possam inserir e expandir seus negócios no mercado de forma eficaz. Além disso, estamos próximos ao IMA para alinharmos nossa atuação e levar esse suporte ao produtor de maneira mais assertiva e prática”, explicou.
Avanço
Entre os dias 20 e 22 de maio, seis novos produtores das regiões de Santa Rita do Sapucaí, São Sebastião da Bela Vista e Estiva terão a oportunidade de serem os primeiros beneficiados através da expansão do projeto em todo o estado. Eles receberão visitas da técnica especialista Drielly Marcondes e do técnico de campo Daniel Silva. Esse trabalho incluirá a avaliação das instalações existentes e as orientações detalhadas sobre como proceder para atender às normas de regularização sanitária e ambiental, garantindo o aprimoramento das operações agroindustriais.
O supervisor do ATeG Agroindústria, Paulo Globo, destaca que o interesse dos apicultores do Sul de Minas em registrar suas agroindústrias está aumentando significativamente, evidenciando que eles veem a atividade como uma importante fonte de renda.
"O registro de suas agroindústrias pode ser um divisor de águas e realmente mudar a vida desses produtores, conseguindo vender no comércio local e, a depender do serviço de inspeção escolhido, chegar em outras cidades de nosso estado e até de todo Brasil”, exemplificou.
Realizando sonhos
O apicultor Luis Antônio Scudeler, que trocou a engenharia pela apicultura, será um dos beneficiados pela consultoria de regularização sanitária. A mudança de carreira para Luis não representou apenas uma nova profissão, mas também uma paixão que se transformou na principal atividade de sua vida. Atualmente, com o suporte do ATeG, ele produz aproximadamente 1,5 tonelada de mel por ano. Luis enfatiza a importância de manter a integridade artesanal e a qualidade de seu mel, o que envolve desde o cuidado com as abelhas até a atenção às embalagens dos produtos.
“Todo o mel extraído passa apenas por duas mãos, que é a minha e de minha esposa. Cuidamos das abelhas com muito carinho e respeito. Como queremos ser referência nesta área, precisamos tirar o selo sanitário para agregar ainda mais valor ao nosso produto. Ficamos muito felizes e agradecidos por termos sido escolhidos pelo programa do Sistema Faemg Senar para darmos esse passo para concretização da certificação do selo sanitário. Já estamos construindo a nossa agroindústria dentro dos requerimentos do órgão fiscalizador do nosso estado que é o IMA. Com o apoio desse projeto, esperamos conseguir passar pela fase de criação do rótulo sem perda da identidade do nosso produto, que viemos construindo com o tempo, além da ajuda para as demais etapas do criterioso processo para o tão sonhado selo do IMA e, posteriormente, o SISBI”, contou.
Orientação técnica
O técnico Daniel, que atende o grupo, destaca que este projeto é transformador na vida dos produtores, uma vez que, com a aprovação, eles poderão agregar valor aos produtos, como própolis e mel, diante da baixa no mercado. A expectativa é que essa certificação traga esperança e oportunidades aos apicultores.
“O sonho de todo produtor é ver seu produto comercializado, exposto nas prateleiras dos supermercados e ter a chance de industrializá-lo, saindo dos atravessadores. Este ano, o preço da própolis caiu cerca de 200% em relação ao ano passado, e o mel também sofreu uma queda de quase 100% em alguns casos Como técnicos, nossa função é orientar os produtores a enriquecer o valor de seus produtos, aumentando assim a renda obtida com suas atividades. O selo sanitário vem como peça chave para esses produtores conseguirem agregar valor ao produto e explorar novas oportunidades de mercado”, explicou.
A técnica Drielly Marcondes contou que a equipe de especialistas trabalha para ajudar produtores a regularizar seus estabelecimentos de acordo com as normas sanitárias. Segundo ela, o procedimento é essencial para a comercialização de alimentos de origem animal. "Essa regularização é crucial, especialmente quando os produtores optam por processar suas matérias-primas como leite, mel, própolis e cana-de-açúcar, para agregar valor e expandir o mercado. A função dos técnicos é garantir que esses estabelecimentos atendam à legislação vigente e possam operar legalmente, beneficiando-se da maior valorização e segurança de seus produtos no mercado”, finalizou Marcondes.