Fazenda modelo mostra como é possível alcançar alta produtividade de leite com gestão e tecnologia
Com salto produtivo de mais de 90% na média diária de leite produzido, a Fazenda Chapéu de Couro se tornou uma referência na região de Janaúba. Aliando gestão, tecnologia e produtividade, os bons resultados fizeram da propriedade, que faz parte do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), um celeiro para novos conhecimentos, a exemplo do que ocorreu hoje (dia 12), quando mais de 150 pessoas, entre estudantes e produtores rurais, participaram de um Dia de Campo na propriedade.
Os participantes viram de perto algumas das iniciativas adotadas para o sucesso no negócio, que começou de forma despretensiosa, como um investimento secundário, e passou a ser grande fonte de renda. A programação contou com cinco estações de palestras, com temas voltados para gestão do negócio, controle de pragas na lavoura, alimentação bovina, manejo de pastagens, entre outros. A palestra de abertura foi feita pelo consultor master do programa de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg Senar, Walter Miguel Ribeiro.
“O bacana desse Dia de Campo é que os convidados puderam vivenciar como este produtor rural acreditou e adotou as indicações da assistência técnica. Estamos vendo o resultado, todo o desenvolvimento que o produtor conseguiu colocar aqui na propriedade. O crescimento organizado permitiu que ele desenvolvesse muito mais”, avalia o supervisor de ATeG, Rodrigo Antunes Cunha.
Salto produtivo
Quando o Programa ATeG, através da técnica de campo Ana Cláudia Soares e do Sindicato dos Produtores Ruais de Janaúba, chegou na fazenda o cenário era bem diferente do atual. Segundo o proprietário, Geraldo Miguel, a produção girava em torno de 40 litros, e não existia um projeto para ampliar. Após as primeiras visitas técnicas, e vendo o potencial produtivo, um novo objetivo foi traçado e conquistado em poucos meses.
“Meu filho Gustavo Miguel, que na época gerenciava e foi quem criou toda a estrutura, aderiu completamente às orientações da técnica de campo. Para nossa surpresa, nos primeiros seis meses de ATeG a gente já conseguiu bater a meta do ano, que era chegar aos 500 litros de leite. Fizemos correções na nutrição dos animais em lactação, realizamos a divisão de lotes e por aí foi, e começamos a entusiasmar mais”, relembra o produtor.
Em 2023, a produção chegou em novo recorde, atingindo 800 litros de leite por dia, com 96 vacas no plantel de trabalho. A proposta é atingir, em quatro anos, dois mil litros de leite por dia. “Eu acredito que até o final desse ano a gente já está produzindo isso. E essa parceria com o Sistema Faemg Senar através do ATeG e dos cursos tem feito toda a diferença”, pontua Geraldo Miguel.
Sala de aula
Apesar de estar há poucas semanas de encerrar o ciclo de ATeG, os aprendizados da assistência seguem dando resultados, inclusive para outros produtores e jovens estudantes. A propriedade recebe diversos cursos do Senar e também ações da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Alana Fernandes Nunes é uma das alunas da universidade que sempre participa dos cursos na fazenda, inclusive do Dia de Campo. Estudante do quarto período do curso de zootecnia, para ela, vivenciar na prática as atividades em uma fazenda modelo vão ajudar a ampliar os conhecimentos vistos na sala de aula. “Agrega muito ao currículo. A fazenda abrir as portas dá muita oportunidade para conhecermos como é que funciona na prática. Uma coisa é na sala de aula, no campo é um pouco diferente”, comenta a jovem.
A programação do Dia de Campo também ajudou novos produtores rurais que estão investindo na cadeia da bovinocultura. O fruticultor Saulo Brezinski Lage tem dinamizado as oportunidades na sua fazenda, aliando novos conhecimentos para investir de maneira correta e aproveitando o potencial produtivo.
“O maior desafio da nossa fruticultura é a mão de obra. Então eu optei pela pecuária também, que exige menos mão de obra, para dinamizar minha propriedade. Já são dois anos, praticamente, trabalhando nessa cadeia, aproveitando a estrutura que tenho de irrigação da fruticultura para manter a produção do alimento do gado, e ainda o que fica desses grãos produzidos para fazer a silagem. A rentabilidade não é a mesma da fruticultura, mas as demandas são outras, e hoje vim conhecer mais para buscar as melhores soluções” destaca o produtor.
