Treinamento realizado em Bom Despacho vai ampliar a produção e a renda de produtores locais
O interesse em crescer na atividade e alcançar mercados mais rentáveis levou um grupo de apicultores da cidade de Bom Despacho e do distrito de Engenho do Ribeiro a se capacitar para produção da própolis. A oferta de treinamentos na área faz parte do trabalho desenvolvido pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Bom Despacho em parceria com o Sistema Faemg Senar.
O curso Trabalhador na Apicultura e Produção de Própolis teve duração de 24 horas aulas e o objetivo foi ensinar aos alunos a manejar os enxames, introduzindo-os à produção da própolis. “Para isso, eles aprenderam sobre a organização social das abelhas e a composição da própolis, sua utilidade para a abelha e para o homem, as condições necessárias para a produção, instalação de coletores, coleta e transporte, higienização do local de beneficiamento, seleção e classificação da própolis, bem como armazenamento e noções da atividade apícola”, explicou o instrutor do Sistema Faemg Senar, Hélio Silva.
“Na avaliação diagnóstica constatei que a maior parte da turma eram apicultores profissionais na produção de mel. Eles sempre foram parceiros de uma empresa de reflorestamento sediada nos municípios de Bom Despacho e Martinho Campos. A mudança nas variedades de eucalipto plantadas transformou a área e a produção de mel praticamente zerou. Como são proprietários de várias colmeias, estavam sem saber o que fazer”, explicou o técnico.
Ainda de acordo com Hélio, no segundo dia de treinamento, ele verificou que o manejo das abelhas estava muito deficitário. Havia abelhas muito pequenas, nascidas em favos velhos e fora do padrão recomendado pelo Ministério da Agricultura e da Confederação Nacional de Apicultura. “Sentindo a necessidade imediata da mudança, mostrei a eles a importância de focarem na produção da própolis de alecrim do campo.”
Hélio, que é instrutor de Apicultura há 43 anos, sendo 30 deles no Senar, avaliou que, com essas ações, eles poderão produzir um quilo ou mais de própolis por colmeia mensalmente. Hoje, o quilo da própolis verde de alecrim do campo é comercializado, em média, por R$ 400,00. “É extremamente gratificante quando a gente ouve e lê manifestações de agradecimento daqueles produtores rurais com os quais estamos contribuindo para melhorar sua renda e sua qualidade de vida”.
De acordo com a agente de desenvolvimento rural (ADR) do Sindicato, Tamires Aparecida da Silva Claret, o curso de produção de própolis foi uma demanda da própria associação de apicultores. “Foi feito um diagnóstico participativo para identificar todo potencial da associação e todos os seus gargalos. Nós trabalhamos com o próprio apicultor em campo e resolvemos promover a capacitação”, diz a ADR.
Segundo Tamires, 11 participantes se capacitaram e já estão aguardando novos cursos relacionados à cadeia produtiva, como o de Boas Práticas de Fabricação do Mel. “Os apicultores que participarem desse curso estarão habilitados como responsáveis pelo estabelecimento agroindustrial rural de mel. Para isso, eles devem apresentar o certificado do curso ao IMA para registro da sua agroindústria e comercializar o produto em todo território estadual”, explica Tamires.
Aline Silva é apicultora da cidade de Betim e avalia que muitos produtores não conhecem formas de desenvolver a apicultura de maneira racional. “O professor Hélio ensina didaticamente e eticamente como praticar esta modalidade de apicultura, pautada em conhecimentos científicos, em leis e, por isso, sou muito grata a ele”.
Para João Bosco Assis, conhecido como Dôte, de Bom Despacho, mesmo com 30 anos de experiência no segmento, é sempre tempo de aprender. “Queria agradecer à Tamires pelo empenho, ao pessoal da Faemg Senar, em especial ao Hélio. Estava imaginando quanta coisa eu ignorava mesmo com tantos anos de apicultura. A oportunidade que a gente teve de aprender, de aprimorar, foi muito boa. Tiramos dúvidas, demos opiniões. Foi muito importante para nós. Vamos colocar em prática”, garantiu.
Mercado aquecido
A receita das exportações mineiras de produtos apícolas alcançou US$ 20,5 milhões, em 2022, o que representou um salto de 25% em relação ao ano anterior. No mercado interno, os apicultores também tiveram bons resultados. De janeiro a dezembro do último ano, a média de preços pagos aos produtores, de acordo com levantamento da área de comercialização da Emater-MG, apresentou altas em todos os meses, em relação a 2021. No acumulado de 2022, o preço médio foi 28,8% maior do que nos 12 meses do ano anterior. Os dados constam do Balanço do Agronegócio, produzido pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
Com a importância econômica da atividade e o potencial natural de Minas para a apicultura, o Sistema Faemg Senar desenvolve uma série de ações para estimular a produção. "Oferecemos assistência técnica, tanto para associações e cooperativas, como aos produtores individualmente. O objetivo é fortalecer a cadeia produtiva como um todo", informa Tamires.